Desde 01 de Março de 2022

Minha alma e eu

Vânia Moreira Diniz poeta e humanista

Hoje foi dia de reencontro. Reencontro que foi difícil acontecer porque entre mil diversidades incompreensíveis minha alma não queria ficar de frente comigo mesma. Estavam contrastantes e não se entendiam, mas afinal vi que precisava me reinventar a cada dia para que isso acontecesse. Diversas vezes a vida nos separou. E eu não sabia acompanhá-la e nem para onde ia. Imaginava suas decisões e não tinha certeza que ela estava correta. Compreendia que essa dissonância vinha de minha consciência que queria ficar muito acima, no comando e desconstruir a união que entrelaçava minha alma comigo.

A angústia me desiquilibrava e sentia meu corpo distante querendo enveredar para outro caminho. E os conflitos surgiam, os dias eram divergentes. Os acontecimentos me levavam a estradas, que eu não sabia trafegar, retrocedendo convulsivamente medrosa entre meandros inaccessíveis e me distanciava na certeza que chegaria sozinha ao meu porto seguro. Isso aconteceu durante anos seguidos, a ternura existia reunindo os dois elementos de uma forma confusa e eu me perdia em lágrimas que não a atingiam, porém a deixavam endurecida no caminhar do dia a dia. E assim foi num espaço de tempo tão longo que eu ficava perdida, num marasmo de dor e quase inconsciência. Claro que eu queria dar livre acesso à minha alma, mas realmente não conseguia discernir o que acontecia comigo.

Voei muitas vezes para outras dimensões liderada por minha fértil imaginação, desejando não voltar nunca mais ao verdadeiro sentido da vida. E no meu caminhar aos poucos e muito limitadamente fui reconhecendo que minha alma era eu em contraste doloroso comigo mesma. Nesse momento posso dizer que estamos juntas, portadoras dos mesmos ideais e sonhos a realizar e prontas para enfrentar decisões em uma união pacífica e verdadeira. Não sei como nem onde se reencontraram, mas finalmente nos reconhecemos. Conseguimos enfim, enxergar o reflexo mútuo perseguindo as mesmas e inexplicáveis lutas que travamos nesse planeta inteiramente complexo, porém restaurador.

Vânia Moreira Diniz

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