Nesse momento de reflexão em que permito minha imaginação vaguear livremente e faço uma avaliação de minha vida, chego à conclusão de que o ideal é a sensação mais emocionante e vigorosa que tem me movido em busca da verdadeira realização. Encontro em seu regaço um conforto que nada poderia ultrapassar. E devolvo a sua correspondência em sonhos persistentes e confortadores.
Acredito que todos temos uma missão no caminho a ser percorrido e certamente estará sempre contornada por um ideal maior. Sem ele perderíamos todo o estímulo sem o qual não conseguiríamos o combustível necessário para explorar qualquer tipo de empreendimento.
Desde muito pequena influenciada talvez por um avô escritor a quem eu admirava demasiadamente amei transmitir em cada palavra meus sentimentos ou das pessoas ao meu redor. E descobri cedo demais que não podia viver sem escrever. Desde aí tive muitas horas prazerosas em que sem saber esparzia tanto as minhas alegrias como as mágoas ou a dor de cada momento.
Por esse ideal lutei desde cedo e continuo a lutar. Inicialmente sem me importar com nenhum reconhecimento e posteriormente querendo expressar todos os meus anseios, dificuldades, júbilos, sofrimentos, devaneios que meu coração experimentava em silêncio e eu vitoriosa difundia em pedaços de papel que espalhava pela casa indiferente ao seu destino. Queria escrever e não me importava o resto.
Escrevi sempre compulsivamente, mas fazia parte do meu ideal. E esse ideal me fazia sorrir ou chorar, sentir angústias ou vibrar de entusiasmo. Admirava todas as pessoas que lutavam por uma meta definida mesmo que fosse superior às suas forças ou que hasteassem uma bandeira a favor de um objetivo insistentemente perseguido.
Para mim a batalha, tenacidade, vontade férrea e sede de obter um imaginário objetivo me seduziam tão completamente a ponto de me deixar ofegante pela concretização próxima e tão desejada. E isso fazia com que tudo ao meu redor fosse fácil de conquistar. Era como um guia que me conduzia incólume apesar das primeiras quedas dolorosas e vibrantes quando divisava os sucessos inesperados.
Muitas vezes contemplando o horizonte distante e tão belo sempre iluminado por uma luz que eu distinguia mesmo nos dias escuros, recusava-me a crer em infelicidades ou frustrações e caminhava esperançosa, acreditando na vigorosa vontade de todas as pessoas cujo fascínio idealístico eu conseguia alcançar.
Acredito que o amor, a paixão, o desejo incontrolável que explode de nossos corpos em torrentes espontâneas e instintivas, sensações esplendorosas que sustentam a vida dependem da força do ideal. Sem ele não poderíamos nem mesmo compreender a doçura de um instante que não se repetirá nunca com a mesma intensidade ou com o mesmo poder deslumbrante. Sem ele não sonharíamos com a presença de qualquer sentimento porque estaríamos imunes de fantasias mesmo que reais.
Nesse momento gostaria de poder transmitir minhas emoções cujo conteúdo empolga a minha estrada na luta por um ideal e sinto que cada vez mais e com mais intensidade amo esse objetivo que me faz plena, rica, aureolada pela presença de uma realização que cada vez mais persigo e nunca sinto muita próxima. Isso me faz almejar que meus irmãos de caminhada também encontrem sempre uma meta, ideal transbordante de vitalidade e beleza. Essa rica e incontida sensação que torna meu caminho superlativamente vibrante me fascina todos os dias de minha vida com uma força maior que ontem e menor do que será amanhã.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar