Desde 01 de Março de 2022

Minha amiga Laura

Eu a conheci há muitos anos, quando atravessava momentos difíceis. Era uma mulher belíssima, alguns anos mais velha, e possuía um carisma que poucas vezes encontrei. Sua beleza provinha mais do brilho que irradiava no olhar e da simpatia singular, refletida na fisionomia de traços bem delineados. Fomos apresentadas por um amigo comum. Laura percebeu que algo me afligia. Fomos lanchar juntas e logo consegui me abrir. Sua gentileza era tamanha que conquistou minha confiança. Embora estivesse em processo de separação do companheiro, notei que preferia não falar no assunto naquele momento. Na verdade, tão altruísta era Laura que conduziu a conversa, buscando compreender o que me atormentava.

Morávamos ambas no Rio, e todos que a conheciam a admiravam. Saíamos juntas algumas vezes com uma turma de amigos, mas ela trabalhava no jornal de uma empresa multinacional e seu tempo era escasso. Hoje, ao tomar conhecimento da morte de uma querida amiga, lembrei-me muito de Laura. Sentia apenas que a vida não fora muito feliz para ela. Algum tempo depois, mudei-me para Brasília com minha família, mas recordo-me que, quando retornei ao Rio tempos depois para uma visita à minha terra, meu pai, com grande cuidado, relatou-me que Laura havia falecido há poucos dias. Não quiseram me falar pelo telefone porque tudo aconteceu muito repentinamente. Laura pereceu numa sonoterapia que estava realizando, sendo acometida por uma parada cardíaca. Até hoje sinto falta dessa amiga que partiu para sempre, vítima de um tratamento psiquiátrico. Ela havia me telefonado poucos dias antes de sua morte, dizendo que nos encontraríamos no Rio no Natal, mas que antes precisava fazer um tratamento rápido. E foi justamente no fim de outubro que tudo ocorrera. Nunca esqueci essa preciosa amiga, que foi importante em minha trajetória e sucumbiu com apenas 27 anos, num tratamento que ela acreditava que lhe aliviaria a ansiedade.

Nunca esqueci os momentos que passamos com amigos comuns e como, por vezes, uma tristeza toldava seus olhos expressivos e brilhantes.

Vânia Moreira Diniz

Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar

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