No início era o silêncio, a terra vermelha e o cerrado , com suas árvores de troncos retorcidos, copas ralas ,sedentas…testemunhas mudas da quietude daqueles ermos. A paz do Planalto Central, que logo se transformaria.
Então vieram os homens e as máquinas, toldando com a poeira vermelha da terra revolvida e a fumaça dos tratores, guindastes e caminhões, o céu e os horizontes de azul profundo e límpido.
Terras foram revolvidas. Cavaram-se fossos. Estacas de concreto tomaram lugar das árvores. Um formigueiro humano se instalou em torno dessas mudanças, numa azáfama inconcebível.
As construções, tímidas no início, foram surgindo, tomando forma, agigantando-se pouco a pouco, para finalmente se definir , como menina transformando-se em mulher. Homens rudes .De peles de matizes variados , roupas simples de chapéus de palha e couro, labutavam todo o dia. À noite, às luzes de faróis e geradores, continuavam a labuta incessante, movidos por estranha energia. E tocados pela fé, cantavam enquanto labutavam!
Vieram outros homens e mulheres , jovens decididos, dispostos a povoar essas terras, com seus filhos e descendentes .Nos olhares a esperança, a fé e a certeza de estarem construindo o futuro no presente daqueles dias distantes.
Outros homens vieram, bem-vestidos, engravatados ,bem falantes. Alguns verdadeiros outros falsos, mas que não conseguiram macular os ideais e o projeto original concebido pelos gigantes que imaginaram o sonho e ousaram desbravar essas terras.
Aí está Brasília. Jovem senhora ou ainda menina se comparada a tantas outras de nosso imenso país? Aí está esta a jovem senhora-menina ,com os defeitos que o tempo e as más ações imprimem, mas de rugas suaves, esperançosa , viva e cheia de energia. Disposta a não se deixar abater, corromper, ou se levar por falsos profetas. Para isso conta , principalmente pela inspiração divina, com um verdadeiro e poderoso exército que somos nós, nascidos e não nascidos aqui, mas que a amamos verdadeiramente, e por ela lutaremos.
Antônio Paulo Filomeno
Cidadão Honorário de. Brasília,
“ vivi naquele 21 de Abril de 1960 as maiores emoções de minha vida. Tudo me comovia: a cidade, a recordação das lutas travadas, a vibração do povo; enfim, a contemplação da obra que ali estava”
Minha mãe ao meu lado comentou: só mesmo o NONÔ seria capaz de fazer tudo isso!
Sobre o autor Antônio Paulo Filomeno
Nasceu em Laguna, Santa Catarina, em 20 de janeiro de 1946, cursou a Faculdade de Medicina da Universidade de Brasília. Especialista em Cardiologia pela S.B.C.
Conselheiro Honorário das Aldeias SOS Kinderdorf Internacional, entidade filantrópica, com sede nas Áustria.
Fundador do Instituto Trabalhando pela Vida (OSCIP), voltado para o atendimento a pessoas carentes.
Pioneiro de Brasília. Detentor da Comenda Centenário J.K.
Cidadão Honorário de Brasília, Título concedido pela Câmara Legislativa do Distrito Federal em 2002.
Titular do Prêmio Saúde Brasília concedido pela Associação Médicaca de Brasília- 1ª Edição/ Filantropia
É membro da Academia de Letras do Brasil/DF-cadeira nº IV. Patrono: Darcy Ribeiro.
Membro da Academia de Letras de Brasília cadeira XXXIII- Patrono Manuelito de Ornelas
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar