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Meu verão Carioca

Meu verão Carioca Vânia Moreira Diniz

O verão sempre foi para mim especial! Os dias amanheciam com o sol tão quente, vívido e luminoso que não podia acreditar em tristezas ou desesperanças. A praia estava bem ali, com seu poder de sedução, as ondas altas e as espumas que eu amava.

Sentada na areia, muito perto das águas majestosas eu deixava que elas me molhassem, refrescando meu corpo quente, e a areia branca se colava ao meu corpo.
Nos dias mais livres, feriados ou fins de semana, o convite do verão estava ali e enquanto passeávamos sentia subir do chão uma fumaça que ia evaporando e fazia com que o calor ficasse ainda mais rigoroso.

A minha adolescência no verão foi marcada por dias encantadores, em que o prazer se sucedia com uma rapidez imensa. Pela manhã a praia convidava ao seu convívio, enquanto tomava sorvete com os amigos e corria depressa para completar os deveres escolares.
À tarde as aulas rigorosas, os professores, as colegas, o retumbante barulho de algazarra juvenil e quando saíamos parávamos no Picadilly, uma sorveteria alemã que fazia as delícias da meninada.

Nossas tardes eram ocupadas pelas tarefas escolares para que ficássemos livres para a manhã seguinte. No entanto, gostava de todos os dias, sentar-me frente ao céu onde a sol se punha para admirar o espetáculo de beleza que meus olhos testemunhavam e descrever tudo ao presenciar o magnífico espetáculo.

Tudo era alegria naqueles dias e quando caía a costumeira chuva de verão o ímpeto era sair e molhar o corpo suado inteiro, deliciando-me com a água a escorrer pelo rosto, colo, costas e pelas pernas nuas, com o short curtinho a me dar liberdade de vida e movimentos. Tudo era uma estranha fascinação enquanto rodopiávamos nos patins ligeiros, o suor escorrendo de nossos corpos, os banhos demorados e refrescantes, o encanto das conversas á noite, a turma toda reunida, ouvindo as histórias saboreadas, aprendendo enquanto nos divertíamos nos serões sedutores tocando violão, o ritmo de poemas que eu declamava, inconsequentes ou deitados olhando o céu estrelado, tão azul que nos emocionava.

A lua que julgávamos encostadas na terra de tão imensa e que parecia contornar o nosso olhar ao imaginá-la logo acima de nós. Costumava descrever todo esse sistema planetário que sempre me enfeitiçou e que constituía nos meses de verão um verdadeiro quadro de poesia espetacular.

Quando começavam as férias, e dezembro se impunha cheio de comemorações, o verão se me afigurava cada vez mais mágico e impressionante, os dias cheios de luminosidade, e parece que não sentíamos o calor intenso apenas atentávamos para o deslumbramento dessa estação tão propícia às brincadeiras, passeios, campeonatos de esportes e à vontade de escrever passando para o papel todas as sensações contraditórias, exóticas que faziam de nossas vidas uma fonte de energia e felicidade.

Até hoje, o verão sempre me faz vibrante, conduzindo-me a um estado de alegrias imensamente sedutor e convidando-me às conversas atraentes enquanto posso sentir e apreciar essa estação do ano com a mesma ternura e acordando já com o sol a luzir até no coração.

Vânia Moreira Diniz

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