Lembro-me do carnaval outrora no Rio de Janeiro,
Todos brincavam felizes e eu enxergava estarrecida,
Os palhaços e blocos que divertidos se manifestavam,
Na calçada, na praça ou nos bares em demonstração,
De entusiasmo, encanto e singularidade pueris.
Os olhos de criança tudo viam e me quedava tranqüila,
Esperando o momento mágico de sua aproximação,
Lança-perfumes jogavam e sorriam com o grupo imenso,
Sambando e cantando as músicas mais populares.
Afortunado era o momento em que os confetes esparziam,
Deixando as cabeças em colorido impressionante.
Eu gargalhava ditosa, esperando que a farra jamais acabasse.
Beijos, abraços e o rebolar ritmando a música enlouquecida.
Agoniada pedia que me deixassem seguir o cordão alucinado
E dessem as mãos clamando pela parceria infantil e inusitada,
Que frente a eles se quedava em insana expectativa e anseios mil.
“Você pensa que cachaça é água”!…
Serpentina, confetes, lança-perfumes, cantoria e abre-alas,
Era a única coisa que se pensava no Rio enlouquecida,
E todos pediam que os dias não acabassem e se expandissem
Num carnaval de eternas recordações.
Quando o carnaval se aproxima, não posso esquecer
Do singelo espetáculo de minha infância a cantar em brados,
Pulando em ritmo contagiante, enquanto se esperava,
As escolas de samba, e os desfiles lindos e inebriantes.
Em doenças ninguém falava e a AIDS não existia,
Mas a evolução caminhava sem carecer outrora,
De precauções e cuidados especiais.
Hoje esperamos o carnaval que desesperado busca,
Ainda no compasso apaixonante a camisa protetora.
Carnaval almejamos todos e só lamentamos a violência,
Tão incrustada hoje em qualquer manifestação popular.
Pedimos que em sonhos se realize o anseio de todos nós,
Que haja alegria e prazer e a insegurança seja exterminada
Vânia Moreira Diniz