Lendo um texto sobre a Liberdade sinto-me solidária nessa conquista que embora aparentemente fácil, requer um amplo horizonte de persistências e lutas. E não se inicia por fora. Vem de dentro e profundamente. É algo instintivo. Foi assim que sempre a senti desde muito pequena. Nada adiantava importantes aquisições em que não estivesse incluída a liberdade.
Nunca esquecerei de uma lutadora cujo trajeto não foi muito fácil. Tudo em sua vida demonstrava o quanto era liberada de preconceitos. Levava consigo, entretanto uma boa dose de frustrações de uma educação ainda preconceituosa. Esquecia-se talvez que a liberdade não se manifesta apenas no aspecto exterior, mas é exercida na vida diária interior com seus conceitos, idéias e principalmente na ânsia pela própria individualidade.
Liberdade não é fazer o que se quer porque nossos direitos acabam onde começa o do próximo. Mas ter discernimento suficiente e conseguir exercer essa conquista plasmada por vezes de forma tão sofrida. E saber usá-la. Nada é mais importante do que isso. Divisar um longo caminho, o horizonte à frente com sua luminosidade e passagens paralelas cuja opção depende principalmente do uso dessa liberdade que deve nos levar à integridade psíquica de uma maneira absolutamente natural.
Essa conquista é algo muito mais interior em nossa capacidade de sentir e ter consciência do que fazemos e sentimos do que aparente. A certeza do que vivemos, dos momentos mais decisivos sabendo que nós mesmos a plasmamos é como a confirmação de nossa própria identidade. Exercício de cidadania pessoal.
Quem possui a conquista da liberdade tem responsabilidades maiores e mais densas: Do amor, da generosidade, da compreensão, dos deveres para com o próximo e dos critérios de sua própria felicidade. Ela encerra uma dimensão incrível de aquisição integral e maravilhosa que nos faz sentir seres humanos na acepção da palavra.
Quando vejo um pássaro voando, fazendo o movimento diário de subir numa escalada de caminho conhecido penso como seria inteiramente fascinante que pudéssemos sentir essa liberdade dos próprios passos inatingíveis. Mas saberíamos de fato o que fazer com esse dom? Ou faríamos circunvoluções sem nenhum sentindo e depois cansaríamos de procurar uma meta agradável? Não sei. Seria maravilhoso voar assim como o é a própria liberdade. Mas precisamos amá-la de uma forma a encontrar o nosso caminho verdadeiro, sem o qual nos sentiríamos impotentes para usá-la.
O Livre-arbítrio é tão importante como respirar. Sem ele não conseguiremos viver na acepção da palavra mas carecemos “sentir” esse poder e compreender que a vida nos fornece um mundo que precisamos conhecer e reverenciar utilizando e fazendo do alvedrio a forma mais competente e insinuante do verdadeiro “viver”
Quando admiro a natureza, toda a força do universo, a magnitude de Deus e a energia que se desdobra de todos nós, o amor em variadas nuances, o vôo ilimitado, o horizonte dourado, a vivência da paixão intensa e fascinante, teremos que refletir que tudo isso é o primeiro grito no espaço infinito… A liberdade…. A partir daí teremos o tempo inteiro que lutar pelos seus desdobramentos e estarmos preparados para recebê-la. Sentindo prazer e desenvolvendo nossas potencialidades para usufruí-la: Amando, vivendo, doando e encontrando aquele “rumo”. É assim que entendo a liberdade. É dessa forma que devemos procurá-la incessantemente.
Vânia Moreira Diniz