Estou indo ao encontro da paz. Essa palavra impossível de ser pronunciada nos dias de hoje. Mas minha alma se encontra em um espaço etéreo em que quase tudo é possível. E eu acredito que nesse momento, não estou sofrendo, chorando, ansiosa, simplesmente em um sopro de vida que me faz forte e inundada de certezas que nunca tive e sem medo da escuridão ou da luz que me incendeia em seus reflexos avermelhados.
Quero encontrar o que sempre temi. Uma plataforma onde não consigo discernir o que está me acontecendo. E já não me interessa mais essa certeza. Já não comando mais algo que eu chamaria vida, mas que realmente não sei o que é. Não sei onde meu corpo se situa e vou alucinadamente voando sem ter a mínima noção de quem sou. Estranha sensação de irrealidade.
Lutei tanto em um território que já desconheço, angustiada muitas vezes por coisas materiais. Se ao menos imaginasse essa leveza, talvez tivesse conseguido a tranquilidade que almejei tanto. Passei por tormentos mil e nesse instante não sou ninguém. Nem criatura, nem espírito. Será que essa apatia pertence a algum lugar?
Repentinamente entendi que vivi por nada, acreditei em outras vidas sem saber discernir o que seria de mim e de todos os humanos com quem convivi. E agora surgiu o depois de uma forma inexplicável. Será esse o lugar que procuramos tanto?
Realmente não sei e o mais terrível é que não sinto inseguranças, nem me preocupo com o tempo ou com coisas à minha volta. Para que nascemos com tanto sacrifício com o oxigênio entrando em nossos pulmões?
Por que passamos por sentimentos, agruras, dores, raiva, mágoas e sacrifícios a lutar pela vida e melhorar em todos os sentidos? Para que? E principalmente por quê morremos com sofrimentos simplesmente para salvar nossas existências. Salvar para que se aqui é o nada?
Ah, entendi enfim, que minha alma está plainando e continuará sempre dessa forma. Para que então eu planejei e sonhei, pensei e estudei, amei e me aterrorizei e ainda deixei gerações que não compreenderão nunca o que acontecerá depois? Estou aqui, e continuo sem saber, mas sou apenas alguém que encontrou o nunca, o nada, o ninguém, o vazio.
Vânia Moreira Diniz