Quando nas noites estreladas eu cismo,
Procurando me recolher arredia,
Indiferente a beleza nas coisas simples,
Desconhecendo o mistério sedutor da vida,
Renunciando ao segredo que carrego
E olhando simplesmente sem nada perceber
Eu vacilo…
Quando não entendo a alma de mim próxima,
Os contrastes que me atraem e amedrontam,
E procuro caminhar firme e com altivez,
Sem me preocupar com os percalços adiante,
Contornando-os despreocupada e distraída
E nada enxergo do que me cerca exuberante
Eu vacilo…
Quando não penetro no coração tão amado,
E estou sem entusiasmo e inconformada,
Querendo entender um momento sem lógica,
Negando a pujança que meus olhos vêem
Ou olvidando a beleza inestimável do perdão
Eu vacilo…
Nos momentos de depressão e incerteza,
Sem conseguir sublimar a mágoa ou a dor,
Quando a luminosidade não consegue me atingir,
E uma névoa tolda meus olhos em sombras,
Impedindo o raciocínio claro e lúcido
Eu vacilo…
Quando observo a miséria e o sofrimento,
Os desprotegidos sem direito ao protesto,
Quando as injustiças de qualquer forma
Escurecem a terra viçosa e admirável
E quando sou impotente em qualquer solução
Eu vacilo…
Vânia Moreira Diniz