Abri os olhos bem devagar. Havia sonhado com imagens de pessoas queridas, que nunca mais havia visto, mas que continuam presentes em mim, indelevelmente. E pensei no extraordinário poder de viver pela memória e pelo pensamento. Um viver mais nostálgico em suas proporções macabras, mas nem por isso menos especial e verdadeiro.
Percorri a semiescuridão do quarto, sem poder fixar-me em nada mais que as figuras apenas delineadas, mas tão fortes que se apresentaram em meu sonho.
A minha impressão ainda sob a ação do subconsciente ativo é que tínhamos duas realidades e compreendi de forma diferente porque a razão de acreditarmos que as pessoas não morrem.
Refleti também no que estava sempre presente em mim: A intensidade com que caminhamos de forma diversa e peculiar, a energia nos envolvendo com um vigor assustador, a certeza de que pessoas queridas estão ali e conosco e a vida subsistindo em nosso sono como se fosse outra verdade.
Vânia Moreira Diniz.