Hoje, o meu passado me visitou por inteiro, e me senti culpada por tantas oportunidades em que poderia ter sido mais compreensiva, mais generosa, mais humana. Lembranças de momentos em que a impaciência e o orgulho falaram mais alto, ferindo pessoas que amava, me invadiram como uma torrente. E essa culpa, que por vezes adormece nas profundezas da alma, hoje desperta com força total.
É claro que, diante dessa avalanche de memórias, busquei analisá-las com cuidado, usando o meu autoconhecimento para compreender a origem de tanto sofrimento. Mas a culpa pelo passado não é a única razão para a minha dor. Uma decepção recente, daquelas que nos tiram o fôlego e nos deixam sem rumo, abriu uma ferida profunda na minha alma. Sinto como se uma parte de mim tivesse sido arrancada, deixando um vazio impossível de preencher.
Sangrar de doer, como uma ferida que atravessa a alma e se abre na crueza do presente. A dor da perda, do arrependimento e da culpa se misturam um turbilhão de emoções. Não me contive. As lágrimas rolaram livremente, e eu as deixei seguir seu curso, lavando a minha alma, libertando-me da angústia que me tomava. É preciso chorar para que a alma se lave e se cure.
Vânia Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar