Encontro-me em um período de recolhimento. Recentemente, afastei-me da internet por alguns dias e, nesse breve intervalo, compreendi a necessidade de, vez ou outra, me distanciar das luzes da divulgação. Sinto necessidade de respirar, de desacelerar, de me expor menos, de diminuir a ansiedade nas comunicações e, assim, recolher o que pode ser essencial para mim.
Essa necessidade se intensificou no último ano novo, quando uma virose me obrigou a ficar em casa. Surpreendentemente, senti-me fortalecida pela solidão e pela introspecção. Percebi que, em certos momentos, aprecio a minha própria companhia. Descobri que a solidão me permite conhecer as pessoas de forma mais seletiva, o que me surpreendeu, pois sempre estive rodeada de gente, desde o meu nascimento em uma família numerosa.
Estou aproveitando este período mais tranquilo para me dedicar à escrita, à leitura e à reflexão sobre os ciclos da vida. Nessas ocasiões, o silêncio é fundamental. Acredito que não nos damos conta da importância de nos abastecermos de conclusões para nos reinventarmos, especialmente quando a dor da alma nos atinge. Desejo sentir que vivemos por nós mesmos, e não apenas para a exposição excessiva que, muitas vezes, nos esgota.
Por isso, o recolhimento tem sido benéfico para restaurar minhas energias nesta jornada em que precisamos conjugar com maestria o verbo viver. Tenho a impressão de que o mundo inteiro, e me incluo nisso, está se esquecendo da qualidade em busca da quantidade de audiências e curtidas, valorizando o ter em vez do ser.
Encontro-me, portanto, acolhida pelo silêncio, produzindo algo que me permita ser eu mesma, sem opiniões repetitivas ou elogios vazios. Sigo em frente, em busca do meu reencontro.
Vânia Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar