QUANDO TE VI
De Luiz Alberto Machado
Para Vânia Moreira Diniz
Quando te vi pela primeira vez uma imensa luz surgiu no firmamento para iluminar o abismo das trevas predominantes nas minhas errâncias pelo caos. Foi como se eu estivesse à deriva pelas tormentas de todos os naufrágios e, desse fé, na iminência do fim de último instante com terra à vista. Assim foi a sua chegada: um instante em que tudo mudou de figura. O que era noite tenebrosa deu em manhã ensolarada; o que era uma eterna emboscada, tornou-se tentáculos múltiplos de oportunidades; o que premia a desesperança, deu-se terreno fértil para o mais promissor dos territórios. E dos seus olhos surgiram dois grandes luzeiros: um para luz de cada noite e, o outro, para que eu aprendesse das trevas e pudesse discernir o que é da vida e da morte para a excelência do amor. E dos seus lábios emergiram os beijos que se fizeram rotas para que eu me desse conta do caminho de casa para não mais me perder à toa por aí. E dos seus seios brotaram todos os alimentos da maior fartura para matar a minha fome de séculos. E do seu ventre eclodiram cachoeiras de gozo e prazeres para que eu pudesse matar a minha sede de sempre. E do seu corpo toda abundância fez-se mais do que merecida para que eu não mais tenha que padecer das minhas mil mortes. E assim foi até que da segunda vez que eu te vi o mundo fez-se em festa com coros angelicais a saudar nossas vidas na promessa do amor eterno. E de menino fez-me homem probo e viril para todas as tuas mais enlouquecidas formas múltiplas de se expressar, a confundir-se criatura e criadora, até ser-me lua reluzente que se faz rosa da alma para, enfim, ser meu quinhão no presente da vida…
Quando eu te vi assim de vez,
Perdi o que havia em mim,
E no olhar fervia a lei,
de não predestinar o fim .
Enquanto o sim fosse o seu talvez
Talvez amar, talvez sofrer,
Talvez a vida fosse assim, talvez.
Quando eu te vi assim de vez,
a timidez se socorreu em mim,
E pela luz de tua tez pensei,
haver nascido enfim,
o mundo que eu sempre quis.
Talvez amar, talvez sofrer,
Talvez a vida fosse assim, talvez.
Mas a profundeza que esse amor legou
Se fez em flor, refloresceu em sim,
Foi muito o sonho, a dor,
O riso a sua cor, Ficou em mim.
AUTOR da Letra e Música_LUIZ ALBERTO MACHADO.