Bagagem
Foi um sonho longo, emotivo e verdadeiro,
nem sabia ao despertar a profundidade
Daquelas imagens que se cruzavam rápidas
Entre coloridas, cinzas e incompreensíveis.
Só com o passar do tempo lembrei-me daquele dia,
há muitos anos em que carregava uma bagagem,
Tão leve, vaporosa com invólucro cor de rosa,
e que, no entanto parecia estar cheia de objetos.
Andei por caminhos diversos depois disso,
pisei em pedregulhos por vezes instransponíveis,
apreciei a cor do céu cheia de nuvens e carregada,
e transpus espaços largos, que me faziam tropeçar.
A mala esvaziava à medida que lutava pelos sonhos,
aprendendo o valor do conhecimento nem sempre suave,
que mostrava a sabedoria da vida em sua essência,
e me conduzia através de longas experiências.
Ao resgatar os ensinamentos dessa vida sentia uma estranha
e incompreensível diferença em minha pesada bagagem,
como se objetos houvessem sido trocados inadvertidamente,
sem que eu sentisse falta de nada e em nenhum momento.
Reparei então que a vida tinha passado sem que eu visse,
e essa bagagem cor de rosa se transformara com o tempo.
No lugar do rosa maravilhoso, uma cor mais compacta.
E em lugar de quantidade havia coisas necessárias.
O caminho da vida me mostrara que em vez de objetos fúteis,
a bagagem fora substituída em sua essência e parecia mais pesada.
Quando verifiquei seu conteúdo não havia mais coisas desnecessárias
mas, encontrei tudo que precisava para o resto de minha caminhada.
Sonhos frutificavam, mas em vez de artefatos inúteis eu vi o sol,
refletido na luz que brilhava através de minha antiga bagagem,
e pude enxergar a solidariedade e limpidez em sonhos realizados,
e a certeza que ali estava tudo que no momento eu precisaria.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar