Consegui desde o começo da minha vida, mesmo nos momentos difíceis sobrepujar qualquer sentimento negativo e “dar a volta por cima”. Hoje enquanto escrevo teclando carinhosa, mas vigorosamente meu texto, a janela fechada por causa do frio que tem sido intenso, e as imagens que se intercalam em meu pensamento, quase chego á conclusão que ia quebrar essa continuidade de credibilidade na vida, nas pessoas e em minhas próprias esperanças.
Levantei-me enquanto as reflexões dominavam, recordando até mesmo que me encontro nesse país amado sabendo o quanto nós brasileiros estamos supremamente desiludidos. Pela tristeza dos acontecimentos, a indiferença dos políticos para os que os elegeram e a falta de ética de muitos que aí estão.
Mas na verdade procuro a força que vem de dentro e concluo que só eu posso resolver essa minha aflição atual porque sou a única que talvez me conheça profundamente e assim mesmo, por vezes quedo-me perplexa pela descontinuidade de certos instantes.
A fé em nossos irmãos de caminhada depende da certeza do nosso próprio “eu”. Acho que tenho muito a aprender e realizar, labutando no terreno da vida, procurando seguir o projeto que foi traçado e que devo encontrar a melhor trilha.
Em muitas oportunidades resvalo e não me encontro em mim, condenso na multidão de pensamentos, esquecida de qualquer equilíbrio, tremulando em vertiginosos espaços do meu inconsciente.
E então escorrego, quase caindo, tonta e horrorizada do medo que me possui. Por isso desejo começar a reformulação por mim mesma encontrando a direção certa que nos levará àquele determinado ponto para o qual iremos todos e reconhecendo a minha dolorosa imperfeição interior.
Há uma única passagem para chegarmos ao termo da viagem e é imperioso descobrirmos, mesmo que só vejamos o sinal de chegada no final de uma tortuosa encruzilhada. Essa linha formada de retas, curvas e sinuosidade se apresentam todos os dias dessa estadia provisória e nada nos resta senão acostumarmos nossa alma ao rodopio das imagens que se cruzam e tentar adequá-las para que possamos atingir a meta.
Estou certa de que se minha viagem for razoável descobrirei o abrigo proposto e desvendarei os fascinantes mistérios daqueles que me rodeiam sem necessariamente haver desilusão, porque mais do que qualquer outro julgamento, sinto-me estarrecida com a decepção que encontro em mim mesma em trechos de fragilidade.
Muitas vezes ao abrir os olhos na manhã radiosa, surge a solução para a fatalidade e descrenças e minha alma se envolve atordoada na pressa com que fujo de qualquer coisa que não seja a simples vida, excluindo meus valores, contornando pensamentos desafiadores para ouvir a única mensagem que desejaria distinguir.
E então, eu me embrenho na natureza, recebendo mesmo que imerecidamente o sol a me aquecer, a chuva, as folhas verdes devolvendo-me a esperança, as flores multicores e perfumadas a evidenciarem o mistério da beleza. E o céu no infinito diáfano e azul ainda a desafiar fantasias elaboradas ao lado de passageiros que também desejam encontrar o sentido da vida.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar