DE LUIZ ALBRTO MACHADO
PARA VÂNIA MOREIRA DINIZ
Não há noite imensa da maior solidão, quando chegas plena dos luares para minha ressurreição. Sou rei, sou deus na tua carne nua com todos os teus teres e dares, enchendo meu mundo com teus beijares, um reinado maior que o sonho. Eu revivo a me lambuzar com teus manjares medonhos, colhendo as delícias escondidas em teus pomares, onde me abrigo e sou em ti Zumbi no Quilombo dos Palmares. É em mim o teu capricho no pendor que edificares, aquele que nomeares, a crença que professares, a festa que glorificares e toda comemoração. E quando exultares com teus gozares, beberei toda água que exsudares, tudo que entregares de bom coração. E quando osculares minhas faces, carne e sexo, meu banho com teus salivares e o prazer que causares será mais que os céus e todos os mares, minha glória e veneração. Seguirei todos os lugares e os caminhos que cruzares, idas e voltares, onde andares estarei, até por rotas estelares ou perdido na imensidão. E quando quiseres, serei a plateia pro que recitares e me embalarei com teus cantares, a dança que rodares e se tonta ficares estarei na perdição. E se falares de ontens e amanhãs, e me encantares e me fisgares serei canibal caeté pronto pro que mandares ou quiseres ou gostares, assim serás os meus lares, o meu rincão. E se um dia tudo no mundo for pelos ares, eu serei em ti o mais feliz entre todos os pares.
© Luiz Alberto Machado. Pelos caminhos que andares…
LUIZ ALBERTO MACHADO