De Luiz Alberto Machado
Para Vânia Moreira Diniz
O seu mistério é o meu doce predileto. O meu refrigério. Tudo é repleto de magia quando ela chega com a sua carne trêmula, o seu olhar pidão, quando ela encena toda sua manifestação nos seus lábios saborosos que se esfregam nos meus abismos para nascer em mim o meu poema mais vigoroso, para que eu seja o seu almoço e jantar, a sua gula de nunca se empanzinar numa eterna dança onde as suas pernas molhando o estio e o seu corpo solto em quais lençóis desvelando o universo mágico recôndito sob a saia nascendo a fornalha que me abrasa por inteiro e a me fazer timoneiro insone por todo seu percurso abissal. É pra lá de legal quando alcanço toda sua majestade e ela já sem qualquer identidade desliza sobre mim com sua graça de querubim se agachando enquanto eu sussurro meu derradeiro verso obsceno ao seu ouvido. É aí que ela vira um mar revolto com ondas letais. É aí que ela perde o anjo e a domesticação dos animais para virar fera insaciável, com seu ritual inigualável a brincar de dares e tomares. Ritual onde ela me entrega a fechadura e faz de mim a sua chave caindo de boca sobre a minha lâmina iluminada e a cada abocanhada dou-lhe a lapada com a lapa do meu poder até desaguar abundante a invadir todas as cercanias amantes porque ela deu-me o prazer ao beber minha vida na festa de viver. © Luiz Alberto Machado.
Luiz Alberto Machado
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