Sempre fui fascinada pelo mar. Nasci vendo-o perto de mim.Bem perto. Mas nunca se tornou uma coisa corriqueira ou trivial. Seu fascínio ultrapassava tudo que eu pudesse descrever mesmo com a riqueza de nosso vocabulário. Muitas vezes pensava na natureza, com seus extraordinários e fecundos atributos e achava sempre que nada se assemelhava a esse gigante de tão extraordinária potência.
Admirando-o sentia uma força energética que se espargia de forma inusitada por todo o meu corpo. Como uma transfusão de ânimo, alegria mistério e vontade de viver.
Sua cor maravilhosa cujo tom se transforma dependendo do humor do dia, as ondas espumantes que por vezes sobem a uma distância fenomenal me davam a sensação de conforto aliada a pujança do universo que habitava.
Meu entusiasmo era uma mescla de respeito e surpreendente aconchego. A segurança de habitar num planeta cujas reações naturais eram poderosamente intocáveis.O mar era meu refúgio em momentos diversos e diversamente entendidos.
Muitas vezes quando era criança ou adolescente me escondia da tristeza ou demonstrava minha alegria indo até à praia e visitando meu poderoso Senhor. Gostava de pisar as areias brancas, tão macias, fazer delas algo repousante e chegar bem perto das águas frias, sentindo a reação que sua temperatura me trazia. E andar em grande extensão apreciando o barulho ritmado que me acalmava. Imaginava o infinito a que poderia chegar e cismava o que deveria ser o infinito.
Hoje ainda acredito na segurança que deposito no gigante do universo.E também que ele está representando o próprio Criador em todas as categorias de beleza, fortaleza, riqueza, engrandecimento, fecundidade incluindo todas os predicados universais.
Sinto uma falta enorme de me sentar frente ao mar e poder divagar relaxando corpo e espírito num vaguear profundo e imprescindível. Imaginando estar deitada nas ondas e sentindo o oscilar deleitoso enquanto inconsciente permito-me andar por paragens plácidas e deliciosamente inabitadas. Restaurando forças perdidas e reforçando a energia esquecida.
Tudo isso quem realiza é o mar. Que surge tão majestoso e onipotente capaz de nos sugerir fantasias fantásticas idealizadas à brisa que trás o sopro de vida e nos lembra o quanto somos frágeis e indefesos.
Isso tudo eu sinto em presença do colosso da natureza tão esplêndido que aprendi a amar desde a mais tenra infância e que constituiu sempre uma certeza de fé e de crença na existência de um Criador onipotente. E essa confiança trazia a serenidade que nem sempre podemos alcançar. O mar foi sempre para mim o doce calmante das horas difíceis e o confidente das alegrias que carregava e que precisava transmitir com real impetuosidade nele encontrando uma natural e poderosa testemunha.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar