Desde 01 de Março de 2022

O livro que me encantou

minha vida de menina Helena Morley

Eu era ainda muito pequena quando visitava a biblioteca de minha casa e me sentia empolgada com os livros que lá estavam. O livro que mais mexeu com minha emotividade na época, foi sem dúvida “Minha Vida de Menina”, de Helena Morley. Eu tinha apenas O9 anos e a autora 14. Assim me identifiquei com a jovem escritora a ponto de nunca me separar dessa obra. E olhe que o tempo que me distancia da primeira leitura desse exemplar é longo. Trata-se de um diário que me encantou nos dias de menina, levando-me a querer entender o que havia de tão especial numa cidade do interior apimentada de fascinação pela narradora do livro.

Seu pai foi o grande incentivador ao lhe sugerir a ideia de escrever todos os dias. E assim Helena Morley, descendente de ingleses cujo nome verdadeiro era Alice Dayrell Caldeira Brant, começou a fazê-lo com religiosa frequência.

Creio que esse livro me seduziu pela compreensão da menina aos aspectos os mais variados da vida, a percepção da caminhada lenta da tecnologia, a consciência da diversidade social e ao mesmo tempo o envolvimento com o mundo escrevendo com precisão e unindo ingenuidade e perspicácia, dissertando com sinceridade suas impressões das mais simples às mais complicadas e escrevendo a forma de viver de seus parentes naquela pequena cidade mineira, não se importando com as críticas sutis e encantadoras.

Claro que na época eu não sabia discernir o brilhantismo da literatura que eu já amava, mas compreendia mesmo que de forma tênue o quanto aquele livro iria me influenciar. Suas descrições singulares me enchiam a alma de emoção mesmo que eu não soubesse compreender a verdadeira profundidade.
Essa obra me cativou tanto que muitas vezes no caminho da minha vida tenho lembrado de seu conteúdo e voltado a lê-lo e o mais interessante é que consigo sentir uma emoção que além de trazer recordações continua a me envolver profundamente.

O Poeta Carlos Drummond de Andrade e Elizabeth Bishop viram no livro o valor literário que os impressionou como ao próprio Guimarães Rosa. Muitos literatos chegaram até a duvidar da idade da autora pelo que vislumbravam no brilhantismo histórico.

Vânia Moreira Diniz

Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar

Compartilhar Artigo:

Facebook
Twitter
Pinterest
LinkedIn

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

RELACIONADOS

Você também pode gostar

Minha amiga Laura

Eu a conheci há muitos anos, quando atravessava momentos difíceis. Era uma mulher belíssima, alguns anos mais velha, e possuía um carisma que poucas vezes

Terceira carta do amor insone

Para Vaninha Moreira Diniz Luiz Alberto Machado Todas as manhãs, Vaninha, tal como o mar que nunca dorme, eu fico à espera que mede o

Segunda carta do amor insone

Para Vaninha Moreira Diniz Luiz Alberto Machado Não só falarei das manhãs esplêndidas de outubro, Vaninha, musa minha, mas das tantas manhãs de penumbra diáfana

plugins premium WordPress