De Luiz Alberto Machado
Para Vânia Moreira Diniz
É nela que sou afoito menino grande entre as cores de suas estrelas aladas no céu do seu paraíso, a tomar pra mim tudo o que é de sonhos e desejos na sua grandeza deificada mais que real. Sou quem recolhe a virente emanação dos seus campos férteis abertos para lavrar a terra na alvura do seu ventre, semeando nos prazeres ocultos da sua carne viva suplicante, a espoleta certa da explosão em festa maior que a coroação de todas as glórias possíveis e inimagináveis. É nela o motivo de alvorecer o dia com todas as libações no que jorra cachoeira farta do seu flavo riso, a me abrigar nos seus flavescentes lábios que me tingem rubras febres fervidas na paixão mais que transbordante. É nela que o anil da tarde azuleja a vida que as minhas mãos esperam e mais se esmeram ao toque na maciez do seu afago e o encanto dos seus zis feitiços que se derramam em profusão entre abraços, beijos e entregas. É nela a negra noite dos seus olhos graúdos, perscrutando minhas fraquezas de amante faminto na magenta madrugada de nossas tórridas entregas, como se tudo revirasse multicor na ebulição de todas as fervuras de se ter e de se dar. É nela que tudo é claro como a lonjura do mar, tudo é perfeito como as graças da natureza, harmonia sem par para as minhas dissonantes modulações, porque é dela a luz no fim do túnel, porque meu é o seu caminho de idas e voltas ao futuro e agora. É branca a voz do seu desalento ao meu ouvido, recitando versos irisados pelo amor maior de tudo e em mim a sua boca é a poesia que se realiza em fonte pra alma na carne feita de todas as formas e maneiras das profundas raízes do coração.
Luiz Alberto Machado