O céu de Brasília está tão azul como minha alma. Sem nuances de borrascas ou escuridão, efetivamente com o maior sorriso que já transpareceu. Passei alguns dias longe de tudo, de qualquer pensamento negativo e mergulhei inteira, em felicidade profunda no mais recôndito de minha alma, no mais prazeroso de meu corpo.
Estou como anestesiada pelo sonho real que vivi, entorpecida pela felicidade e amando o mundo e a vida de uma maneira tão intensa, que penso estar em outra galáxia. Contemplo e sinto meu próprio coração e suas batidas pausadas acolhem todo o sentimento que dele eclode cheio de colorido e beleza.
Encontro-me em momentos de verdadeira felicidade que a vida proporciona e agradeço essa graça maravilhosa. Olho de um lado a outro do meu familiar escritório e sinto ali emanações que me fazem participar da atividade do universo, de sua força e exuberância, do enriquecimento do meu próprio espírito, da generosidade de meus irmãos, da minha caminhada que por vezes se me afigurava cansativa, mas que se mostra agora compensadora e indestrutível.
Revejo cenas de suavidade e beleza, mas também, instantes difíceis que atingiram os meus passos e nem sequer consigo pensar neles com tristeza. Reflito só na força e maturidade interiores que me transmitiram, mesmo em ocasiões que pareceram difíceis e complexas.
E volto atordoada e fascinada para o mergulho que dei, enfeitiçada pela sedução desses dias, encantada pelas descobertas impressionantes que me marcaram indelevelmente. Esquecidas até das horas, ignorando que o dia é feito de minutos e segundos, deixei-me levar ao sabor do amor, da paixão, vivendo a minha vida intrinsecamente, curtindo cada segundo, experimentando sensações deslumbrantes e compreendendo a força inexaurível do viver.
E novamente faço do céu azul meu cúmplice nessa fase de minha existência de descobertas, beleza inexcedível, recordando o mar em que fui abençoada, fazendo confidências para que não seja ingrata com as águas, cujo húmus sempre me revitalizou.
Finalmente, posso descansar, deitar, fechar os olhos com extrema ternura e permanecer no encanto desse momento enclausurada voluntariamente em mil pensamentos que resgatam de forma deslumbrante antigos e dolorosos episódios.
E ergo-me gloriosa, sorriso enfeitiçador nos lábios a emergir restaurada e para sempre navegando entre sonhos e realidade na doçura envolvente de minha alma, em sensações inebriadoras do meu corpo e encantada pela minha própria felicidade.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar