Desde 01 de Março de 2022

Fico Imaginando…

Vânia Moreira Diniz

Realmente enquanto o tempo corre célere mais ficamos pasmos de ver como nossos homens públicos estão preocupados com seus próprios interesses esquecendo todo o resto. Enquanto se discute um escândalo a cada dia e as manchetes aproveitam para ter mais audiência e os jornais e revistas vendem com mais facilidade, o povo continua infeliz e desesperançado.

Parece que quanto maior a evolução e a tecnologia tomam conta do mundo, nós nos preocupamos cada hora menos com nosso semelhante. E não por falta de informação! O egoísmo trucida cada um de nossos sentimentos e o pânico é que hoje já podemos ver com tranqüilidade a violência que domina, e assistir com certa indiferença as pessoas chegarem ao desespero.

A fome, impossibilidade de recursos, miséria, falta de assistência médica e educacional, ausência de empregos transforma o povo brasileiro, não naquele que luta pelos seus direitos, mas o que explode numa hora de pessimismo e cuja revolta é traduzida em agressividades inúteis. E isso tudo porque já está cansado, infeliz, desiludido e nenhuma luz brilha no fim do túnel mesmo que tênue.

Fico imaginando, horrorizada o que é acordar pela manhã e não ter um copo de leite para ofertar aos seus filhos e mesmo que tenha, seja tão pouco que não consegue nem espantar a fome,

Fico imaginando o sofrimento desse pai sem perspectiva que ao abrir os olhos sente o desespero avizinhar-se pela falta de recursos que possa trazer à família,

Fico imaginando a mãe que olha para o horizonte sem compreender porque nasceu numa terra cuja frieza de sentimentos de seus governantes a leva a uma vida amargurada e infeliz,

Fico imaginando os olhinhos tristes de uma criança que nada pediu, nem mesmo para vir ao mundo, e padece sem aos menos ter uma explicação que caiba em sua cabecinha,

Fico imaginando as famílias excluídas do mundo pela miséria flagrante e cuja esperança ou expectativa nem chegou a existir,

Fico imaginando a falta absoluta dos elementos mais básicos para a sobrevivência que lhes foi violentamente negada por um universo por si só impiedoso,

Fico imaginando a tristeza profunda e amargurante desses pequenos brasileiros, crianças inocentes e envolvidas numa dura caminhada cujas pedras pontiagudas não deixam espaço para seus pezinhos,

Fico imaginando que enquanto no Senado se discute subtração de votos ou outra corrupção qualquer a grande maioria dos brasileiros está sem condições de viver, porque lhes é negado o acesso às menores condições de vida como esgoto, água, educação, trabalho vida, vontade de sorrir ou mesmo de chorar, na degradante existência que lhe reservaram.

Temos que entender que essa é a situação de grande parte dos brasileiros e como podemos nos sentir felizes com essa degradação que atinge tão de perto nosso irmão de caminhada?

Reinvidicamos, embora saibamos que é inútil que as autoridades tenham misericórdia, um sentimento tão humano, para aqueles que sofridos e infelizes só pedem para viver com um pouco de dignidade nessa terra de excluídos e sofredores.

Vânia Moreira Diniz

Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar

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