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Falência do amor – O 11 de setembro

Falência do amor - O 11 de setembro

Durante esses dias vimos coisas que jamais nossos olhos presenciaram. Acho que nem em telas de cinema.O tresloucamento, a violência e o barbarismo tomaram conta do mundo de uma forma aviltante e desesperada deixando-nos totalmente horrorizados. O que já se falou dessas cenas comprova o desespero de todo o planeta embasbacado diante de imagens inomináveis. Não temos palavras para descrever o horror e o desespero ao ver pessoas passarem por aquele martírio. Realmente não temos. Tudo que já se dissertou sobre os motivos insanos e líderes fanáticos terroristas não vou repetir.

Quero aproveitar para uma reflexão talvez menos objetiva, mas igualmente necessária que ronda a vida de todos nós: A falta de amor, a indiferença com que encaramos o sofrimento de alguém, a frieza com que vemos um vizinho, amigo ou qualquer pessoa passar por um momento difícil sem estender a mão.Acho que desse fato redunda a grande crise da humanidade: O egoísmo e a falta de solidariedade.

Não nos importamos com quem está a nosso lado e passamos sem o menor sentimento por milhares de situações em que uma palavra nosso senão resolveria, pelo menos ajudaria alguém no desespero a se recuperar mais facilmente. A grande e devastadora crise é a falta de amor.

Acho que não teríamos chegado a esse tipo inconcebível e horripilante de fatos, se tivéssemos durante esse século passado, pensado menos em nós mesmos e repudiado com mais vigor e menos naturalidade atos de violência. Não é utopia não. Utopia seria esquecer de nós. Mas não estou falando disso. Amar-nos é antes de tudo reconhecer que precisamos do outro. Como ele de nós. Claro, temos que antes de qualquer coisa nos amar para poder alcançar o que o outro precisa. E para nos amar precisamos nos manter alertas e felizes vendo também a felicidade ou o alívio de sofrimento de nosso irmão. Como poderemos ser felizes ficando indiferentes e totalmente à parte quando vemos alguém sofrer enquanto comemoramos e procuramos nos divertir?

Creio que esse desejo de só pensar em nós foi aumentando consideravelmente e chegou ao caos de loucura, abismo aterrador que nos confrange a alma nesses dias dolorosos e cruciantes.

Fico pensando, o que poderia ter feito para evitar esses extremos com meus atos de todos os dias e minha consciência dói por tantas vezes que devo ter sido inconsciente, distraída, incapaz de levar conforto a quem ao meu lado clamava por ele. E às vezes bastaria um sorriso ou um gesto para conseguir amenizar o conflito interior de alguém tão próximo.

Falar de paz de nada adiantará se não a tivermos dentro de nós, na nossa comunidade e entre as pessoas que vivemos mais continuamente. Falar de paz só terá seus frutos quando começarmos a perdoar e conseguirmos ter a humildade de reconhecer nossos erros. Falar de paz só será salutar quando não tivermos nenhum ódio no coração e não fizermos diferenças entre pessoas que são nossos companheiros de caminhada, falar de paz é um modo de vida, uma postura consciente e literalmente vivida e não apenas mensagens que introduzimos na emoção do momento.

Não tenho mais estrutura para discorrer sobre a maldade que tornou essa semana insuportável e depois de chorar abundantemente, por que não tentar mudar minhas atitudes? Por que não ser mais compreensiva, generosa, amiga e altruísta? Por que, pelo menos não tentar levar meu conforto e carinho a tanta gente que precisa dele? Por que não começar por mim mesma?

Vânia Moreira Diniz

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