Quando eu parti da minha terra,
Admirando sua beleza em nostalgia,
Subindo triste e pensativa a serra,
As lágrimas desciam em lenta agonia.
Ali eu tinha vivido o tempo inteiro,
Na cidade maravilhosa, uma elegia,
O sofrimento era imenso e certeiro,
E no pensamento as praias eu via.
Do mar tinha antecipada saudade,
Recordava suas águas que eu amava,
Mas a despedida era uma verdade
Que por dentro amarga eu lastimava.
Antevia outra cidade outra vida,
Concepções, pensamentos e valores,
Diversas transformações e morada,
Que subjetivamente suscitavam pavores.
Sentia falta de família e amigos queridos,
Que nas horas lentas de dor ou martírio,
E nos episódios tão maravilhosos vividos,
Estavam sempre ao meu lado em convívio.
A minha infância lembrava com carinho,
Os colegas eu evocava com forte ternura,
E os via todos em uniforme azul-marinho,
Com o quente casaco amarrado à cintura.
Deixava as minhas lembranças mais tépidas,
Ao calor conhecido e familiar da terra natal,
Na qual corria com pernas fortes e lépidas,
Ao encontro de realizações frágeis como cristal.
Outra era iniciava e esperava que a juventude,
Ajudasse a superar as mágoas da despedida,
E prosseguia querendo mudar a saudosa atitude
Da temporada encantada e sedutora já vivida.
Vânia Moreira Diniz