Muitas vezes ficamos estarrecidos com algumas cenas que presenciamos e até porque fazemos uma censura interior e quedamo-nos descrentes de que o ser humano seja capaz de atos frios, indiferentes e até hostis. Quando assistimos ainda mais a violência apavorante que toma conta da humanidade como uma praga é difícil conter o medo do futuro e a descrença que passa a nos envolver como um manto de incredulidade e horror. O mais dramático é a incompreensão desses traumatizantes impulsos oriundos de seres que possuem sentimentos e emoções. Chegamos até a pensar que os animais irracionais são mais lógicos em sua fúria porque só matam ou trucidam quando violentados em algum instinto. E isso porque são irracionais.
À medida que o tempo passa e a tecnologia que tanto amamos se desenvolve enxergamos mais profundamente a exposição de casos tornando-nos capazes de envergonhar-nos de pertencer à raça humana.
Isso são casos extremos. De pessoas doentes, neuróticas e que carregam dentro de si alguma patologia psíquica. Não os estou perdoando, mas querendo dizer que nós mesmos sem chegar a nenhum extremo por vezes agimos incoerentemente num momento difícil do nosso próximo só pelo fato de não lhe dar a atenção que no momento ele precisa. Em certas fases da vida é muito importante um simples sorriso ou uma palavra amiga e calorosa.
E se fiz esse preâmbulo foi para abordar o tema da bondade. É dela que preciso falar e com ela que fiquei encantada ao presenciar exemplos maravilhosos de suavidade e desprendimento. Não há nada mais enternecedor que um gesto de solidariedade, que além de emocionar pode salvar.
Bondade é um gesto ameno num momento difícil: O carinho quando se está carente, a suavidade no desespero, o sorriso na desesperança, uma palavra quando a alma está silenciosa e vazia. Bondade é o olhar que conforta, a alegria que estimula, e a certeza da presença na hora da dor. E o compartilhamento na felicidade alheia.
No caminho da minha vida tenho encontrado mais bondade do que indiferença ou frieza. Em todos os instantes aflitivos ou nas dificuldades variadas deparei-me sempre com alguém a me estender a mão num aceno comovedor. E no dia a dia sensibiliza-me com as atitudes que pessoas que às vezes nem conheço são capazes de demonstrar.
Acho que a tendência instintiva e verdadeira do ser humano é a benevolência, certamente!
Essa tendência, entretanto, devia ser enfatizada e enaltecida desde a mais tenra idade. E rigorosamente ressaltada como um sentimento essencial para a verdadeira felicidade. Nada nos poderá fazer afortunados sabendo que existem pessoas sofrendo e que um ato nosso poderia amenizar.
Portanto a bondade é condição essencial para uma estrada mais livre de percalços cujos companheiros de caminhada serão sempre nossos parceiros na luta por uma existência melhor, fecunda e afortunada pela extensão e profundidade de nossa vida interior.
Jamais conheci riqueza maior do que conseguir se aliar ao próximo nessa busca de sensações enobrecedoras o que no mais profundo de nós mesmos almejamos como meta essencial da verdadeira prosperidade.
Vânia Moreira Diniz