Não senti a pressa como o ano velho passou, tantas e tão grandes foram os acontecimentos pessoais, contrastantes na sua maioria, entre alegres e alguns cheios de dor.
Ele caminhou comigo, sem ao menos perguntar se estava tudo bem, sorrindo entre os intervalos dos dias, entregando-me o que me competia e não perguntando pela minha reação. E eu continuei a contemplá-lo, esperançosa a agradecer a profundidade de sentimentos que fizeram do meu ano algo por vezes tão maravilhoso, que o marcava com o regozijo dos grandes acontecimentos. E, de repente, vinha a borrasca derrubando as estruturas fazendo com que sonhasse outros períodos, imaginando-me longe daquele ano que começava a carregar o peso dos dias inevitáveis.
Realizações profissionais, mudanças radicais, conhecimento, entre meus textos em prosa e verso, a minha literatura, e a presença de sonhos e ideais.
Ano de profundo amor, que me deixou atônita. E quando falo amor, ressignifico todas as suas formas até o amor universal, que me fez compreender o que sempre procurei seguir, mas, que dessa vez entendi o valor exato de meus companheiros de estrada, pela experiência de anos anteriores com a Pandemia em que tivemos que nos afastar quando mais precisávamos do carinho, do abraço confortador e da amizade.
Perdi, pessoas tão queridas, que se foram para o espaço desconhecido, deixando meu coração transido de insofismável saudade e aflição.
Dividido entre ternuras e dureza, o velho 2022 me fez ver o quanto de fortaleza precisávamos para trilhar junto com ele seus passos.Eram inesperadas suas decisões.
Tivemos crimes hediondos, gestos generosos, a vida célere, as conversas habituais e a presença da generosidade e também da indiferença. Vimos aturdidos crianças e adultos passarem fome e a riqueza que rondava os privilegiados.
Surge o novo ano, tão jovem e sem experiência amparando o velho que já sai aos poucos arrependido de certos atos e glorioso de outras atitudes. Ele se vai sem a pose do início, sem a segurança com que entrou, ostentando entre as rugas as dúvidas do que poderia ter feito de melhor, recordando as lágrimas de alguns e exultando pelos risos de alegria de muitos de seus súditos.
Contemplando o novo ano, cuja auréola de luz e esperança ele bendiz, espera silenciosamente que esse mês finde e que possa descansar não sei se em paz, mas desejando que seu jovem substituto consiga realizar aquilo que ele mal conseguiu entre os acontecimentos confusos do ano que está se esvaindo.
E vejo a luz que se aproxima trazendo o ano de 2023, a certeza que deixa à sua volta, o sorrisos de pura alegria, e convicção do que pretende fazer.
Eles se encontram na linha que separa os dois espaços de tempos e se apertam as mãos, um exaurido, já sem forças e o outro imponente, magnífico, a juventude a brilhar na figura ereta e desenvolta, como imaginando a glória e a os ideais de todos os seus futuros súditos concentrados no seu belo rosto, e no olhar cujo brilho se reflete no planeta sempre à procura da esperança , felicidade e amor.
Ano velho, ano Novo, que fazem nesse momento parte de nossas vidas e a quem dirigimos nossos pedidos e expectativas.
Vânia moreira Diniz