Acordes poemas
Vânia Moreira Diniz
Apresentação de
Luiz Alberto Machado
OS ACORDES DA POESIA ANÍMICA
Duas coisas me agradam por demais neste livro: Vaninha e música.
Alterando a ordem, começo pela música que me chegou menino quando berrava aguento todos os sucessos do rádio no juízo da tia. Bruguelo chato de pouco mais de quatro anos, eu me enganava namorá-la. Quer dizer, eu aquele cotôco de gente fedendo a mijo, e ela já adolescente. Verdade. Um estrupício. E eu, nem aí, ia solfejando canções piegas do cancioneiro popular. Coisas de arteiro mesmo, xexéu atrevido que se esgoelava ao se acordar de manhãzinha, até dormir rouquinho da silva tarde da noite. Disso ficou a apreciação costumeira pela música sempre.
Da Vaninha, nossa! Tanto já falei e escrevi a ponto de me dar conta que, até agora, sequer consegui explorar o mínimo que fosse de sua grandiosidade humana. Principalmente a partir deste “Acordes”. É que não me atrevo a omitir a verdadeira adoração que esta mulher consegue manifestar em mim e nas pessoas que a rodeiam. E não seria para menos, justo porque incorpora em si o canto de Aede, a encantação de Telxínoa, a música de Euterpe, a lira e a dança de Terpsícore, a poesia lírica de Érato, tudo isso como a única musa que vem altaneira distribuindo simpatia, como quem vem das fontes e rios da Piéria, ou que sai da gruta sagrada do monte Helicon, na Beócia ou mesmo da fonte de Castália, no monte Parnaso, sempre a se mostrar radiante e verdadeira.
Sim, sua simpatia traduz a melodia da fulgurante vida, a harmonia dos sonhos felizes, os ritmos da graciosidade ímpar, na cadência da solidariedade que se enriquece com as consonâncias de seu afeto e com a dissonância de seus choros que coexistem com o trissar do beija-flor, o farfalhar das flores, o gorjeio dos pássaros, o bramir do mar, o uivo dos ventos, o ganir dos cães, o fretenir das cigarras, tudo pelos acordes que sejam bemóis ou sustenidos de sua manifestação inefável e estimulante, a nos deixar inebriado pelas fagulhas pujantes de sua altruística emanação, como se caminhasse ao som de um Quarteto de Haydn ou coro de Haendel, só para nos ensinar o quão vibrante é a vida, o quão pulsante é dividir comunhão.
É mostrar-se estimulantemente como ela se mostra transbordante de carinho e ternura, seja entre agruras, emboscadas ou dissabores que estridulam ou trepidam provocando gritos e choros, ou mesmo no espalhafato fulgurante da conquista individual ou coletiva, quando se emoldura com risos e gargalhadas, provando que a vida é plena de amor e para ser curtida com intensidade nas escaladas do coração e disso não se pode olvidar.
Essa é a Vaninha, a Vânia Moreira Diniz que eu conheço: talqualmente a música que me chega, toca e enleva dominando a alma de uma estrondosa satisfação.
Agora, “Acordes”. Não preciso falar nada, basta ler. Por isso, a vocês, leitores e leitoras, digo apenas: sintonizem na frequência poética de Vânia Moreira Diniz e se deixem levar pelo encanto das sonoridades anímicas desta poeta que eu assino embaixo e aplaudo de pé.
Luiz Alberto Machado