De LUIZ ALBERTO MACHADO
Para VÂNIA MOREIRA DINIZ
Quando enfim flagrei sua presença, jamais poderia imaginar que perderia por completo a noção de tudo. Estava completamente extasiado com a grandiosa beleza que emanava da fogueira ardente de seu corpo, de seus olhos de mar revolto, de sua boca sedutora, do seu jeito mais que divino e maravilhoso, ali, à mão-tenente. Nossa, como irradiava onímoda, pojante, escorreita, máxima potranca ao meu dispor de ginete bem-aventurado. Graças à vida, eis que ela, édule de antemão, sorria a mais linda feição fagueira. E tudo isso me levava por um redemoinho agitado que eu abdicava de qualquer salvação. Tomei pé ao possuí-la abrasada e colada ao meu corpo para que eu pudesse exalar a odora maravilha de sua manifestação, enquanto beijava seus olhos de céu, suas faces de maçã, sua boca de sedução. Nessa hora, o mundo e o tempo se perderam de mim e de nós. Eu só sentia a saudade morrer de velha e o desejo emergir indomavelmente. De tão extasiado, não pude conter a exagerada ereção que se insinuava no meu membro dilatado e saliente ao contato de suas coxas. Eu ardia de prazer e seu corpo me eletrocutava na mais das fantásticas sensações ruidosas. Beijos estalavam incólumes. E de tão alvoroçado sequer percebi que encurralado pelo seu domínio, era conduzido por um percurso jamais saboreado. Eu só sabia de estar ao seu lado. Nem de longe percebi que transcorríamos longo trajeto até chegarmos onde definitivamente nos fazíamos só para o amor. Eu estava febril, juro, loucamente febril e só ansiava amar com todo afinco de minha loucura apaixonada. Estávamos, finalmente, a sós num quarto de hotel. Ali, a penumbra permitia que pudéssemos nos fitar efígie dada, nos vasculhar, nos acercar de nós, tomar de nós a ciência de tudo que somos e que podíamos nos fartar na mais libertina das vontades. O escuro não escondia de todo a sua beleza. E eu devaneava agarrado como quem se entrega definitivamente a tudo aquilo que mais e sempre desejava. Senti o seu domínio ao arrancar-me a camisa, a demover as vestes, a me jogar com brusquidão na cama e a se deitar por cima de mim como quem está disposta a me sufocar com a maior avalanche de prazer. Tudo muito desordenado, muito intuitivo. Queríamos e queríamos tudo. Até que aos poucos desnudados com displicência, é que pude deparar sua nudez santa e cristalina. Jamais poderia prever o tamanho cósmico de sua entrega. Eu verdadeiramente estava entregue, me batizando com o seu suor delicioso, me crismando com o seu desejo demoníaco e incontrolável, me salvando com a sua sacralização pecaminosa. Não havia como nem desejaria jamais me desvencilhar de tal circunstância. Eu caía de cabeça no seu feitiço solaçoso. Daí o ritual. Senti-lhe os mamilos duros dos seios roçarem meu tronco numa dança sensual de arrepiar-me a alma. Depois seus ductos expressivos saíram passeando pelo meu ventre, onde tomei uma dose generosa de vida. Seguiu alada pelas minhas coxas de pelos eriçados, pelas minhas pernas trêmulas e pelos meus pés esquentados pela louca roçada. Senti o toque de sua mão exímia no meu calcanhar, meus dedos, solado, tornozelo. Foi fundo na magia quando pude perceber seus lábios tocarem minhas pernas, sua língua viajando pelo meu joelho, contornando minhas coxas, alisando-me o ventre num ziguezague pra lá de extasiante. Cheguei ao zênite quando sua mão tocou leve o meu macho cajado iluminado e o fez mais voraz e rijo com a carícia táctil de sua condução, enlevando-me iniciado na sua maestria. Atravessei sua mística cerimônia, quando fez esfregar minha dura turturina mais que tomada de tesão, pelo seu rosto, por seus lábios, por sua pele sedosa. Embeveci quando fez uns carinhos cervicais, espremendo majestosamente meu louco membro desajuizado no pescoço, lado a lado, até deixá-lo em riste ao queixo e beijá-lo com um beijo terno e mágico. Como sucumbi a esses beijos. Fui ao Nirvana e pude contemplar a maior beleza da vida quando chegou a lamber meu dardo túmido com o veludo de sua língua abissal. Agitei-me com sua libação como se chupasse bíbula o real manjar dos deuses. Ah! E como a vida me pareceu ringente e eu mergulhando na catarse oriforme do gozo pleno. Aí, soltei as amarras, capitoso, deixei-me levar pela sua abalizada sucção e ejaculei o meu elixir para cajila de nossa esfomeada carência. Ah, quanta maravilha sedenta onde sou sua caça em particular temporada. Levou-me aos extremos até a última gota da minha satisfação plena. Não satisfeita, ainda, saiu-me lambendo como cadela no cio, até alcançar-me os lábios e nos beijarmos até a ressurreição dos nossos mais infinitos prazeres.
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