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A independência do Brasil, a luta pelo poder e o temperamento de D. Pedro I

Vânia Moreira Diniz

Estamos perto da comemoração da independência do Brasil. Em 1808 o mundo inteiro estava revolucionado e D. João VI fugia da perseguição francesa. Napoleão Bonaparte dominava o mundo com sua genialidade de conquistador e a guerra européia estava em pleno apogeu.

O que D. João VI não queria ou não podia compreender era que outro mundo se iniciava e achou que vindo para o Brasil estaria protegido e dominaria os dois países.

Carlota Joaquina também durante o período que permaneceu no Brasil, descontrolada, infeliz, frustrada, amarga, queria esnobar o povo brasileiro a quem considerava “inferior”. O Brasil passava por toda essa transição tendo que se submeter ao domínio português.

Na verdade, depois da volta de D. João VI a Portugal, D. Pedro se tornara Regente do Reino do Brasil e se ligara às causas liberais. Mesmo tendo sido chamado à sua pátria nega-se a regressar. No dia 9 de janeiro de 1822 pronuncia a famosa frase “Se é para o bem de todos e felicidade geral da nação diga ao povo que fico”. Sua popularidade crescia cada vez mais e pôde comprová-lo com uma viagem a Minas Gerais em que sentiu o entusiasmo manifestado pelo povo. A independência estava próxima e em uma de suas viagens retornando de Santos para São Paulo, recebeu cartas de Dna Leopoldina sua esposa, e do ministro José Bonifácio com notícias que informavam ter sido rebaixado de posto passando de Regente a delegado das cortes de Lisboa. Desesperado e revoltado ali mesmo, às margens do Ipiranga pronunciou a frase que libertava o Brasil de Portugal: “Independência ou morte”

Voltando ao Rio de Janeiro em 12 de outubro foi eleito Imperador e “Defensor Perpétuo do Brasil”. Claro que seu interesse era se tornar o primeiro homem do Brasil cortando toda a dependência de nosso país a Portugal.Em primeiro de dezembro foi coroado, oficializando o que já era de fato.

No poder foram criadas a Câmara e o Senado e também um conselho de estado com ele próprio à frente e convocou a constituinte, esquecendo suas ideias liberais. Os irmãos Andradas tornaram-se oposicionistas já que não concordavam com as ideias do imperador e em março de 1824 foi dissolvida a constituinte, e exilado José Bonifácio que fora o esteio do governo. Com seu afastamento tudo foi desmoronando para o imperador que se tornava cada vez mais fraco política e pessoalmente. 

Começava mesmo depois da independência o poder e interesse pessoal. D Pedro dividido entre Brasil e Portugal almeja subir ao trono de seu país de origem depois da morte de D. João VI e esquece suas próprias deliberações. Assumiu o poder em Portugal como Pedro IV. Foi obrigado, no entanto a abdicar em nome de sua filha Maria da Glória que só tinha sete anos e nomeou seu irmão Miguel o príncipe Regente.

Algum tempo depois, desgastado e desacreditado renunciou ao trono do Brasil em favor de seu filho que na época tinha apenas cinco anos. Sua vida não era das mais tranquilas apesar de títulos e poder e nosso país sofria com a falta de alguém realmente competente e equilibrado. Cheio de problemas, de um temperamento explosivo e instável, com pouco conhecimento cultural e político, ainda assim aquele momento fora o primeiro passo de um Brasil pelo menos teoricamente livre e sem liames em caminho de um regime realmente independente e democrata… Quanto o Brasil ainda teria que sofrer!

As contradições do Imperador eram muitas e sua popularidade descia progressivamente. Casado com Dna Leopoldina, arquiduquesa da Áustria, uma mulher profundamente culta, sua vida conjugal era bastante tumultuada e por vezes tinha reações violentas.

O imperador do Brasil era uma pessoa contraditória, sofria de epilepsia que na época não era tão controlável e não conduzia discretamente sua vida particular. 

Seu amor tórrido com Domitila de Castro fez com que sua popularidade descesse ainda mais porque a imperatriz Leopoldina conseguira o amor pleno dos brasileiros assim como Carlota Joaquina havia conquistado a antipatia profunda do povo.
Pedro I tornou Domitila de Castro Viscondessa e depois Marquesa de santos. Teve inúmeros filhos de várias mulheres, inclusive da irmã de Domitila.

Quando Leopoldina morreu foi difícil que as casas reais aceitassem ceder suas princesas para unir-se a D Pedro com sua fama de uma pessoa descontrolada, temperamental e nada brilhante.

Afinal casou-se com Dona Amélia de Lauchtemberg. Por coincidência a segunda imperatriz do Brasil era sobrinha de Josefina que foi esposa e o verdadeiro e grande amor de Bonaparte.
D Pedro I morre aos 37 anos, jovem, mas seriamente doente, pois ficara tuberculoso, embora tenha conseguido para sua filha o trono de Portugal que D. Miguel o tio da jovem queria usurpar.

Vânia Moreira Diniz

Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar

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