Desde 01 de Março de 2022

A Escuridão dos Que Enxergam

Vânia Moreira Diniz

Passamos esses meses entre tristezas e alegrias reconhecendo os bons momentos e lamentando saber de tanta brutalidade no mundo em guerras intermináveis e no egoísmo mórbido. Para isso os momentos das descobertas, dos gestos de ternura, das comemorações em que o “humano” se mostra e encanta, enternecem e alegram.

A morte que não compreendemos e o nascimento em que o pequeno ser ingressa no mundo, reticente e indecifrável, chorando com a entrada desconhecida do oxigênio nos pulmões depois de nove meses no paraíso que o recebeu e foi abrigo para seu crescimento. Quando observamos uma criança que nasce pensamos qual será seu futuro tão desconhecido em que os instantes se sucederão num ritmo alucinante de contrastes.

Tudo isso me ocorreu ao escrever o editorial e relembrei tal como já descrevi os momentos em que resolvemos empreender esse caminho bem cercadas pelos colunistas que iam chegando e o entusiasmo que nos dominou.

Em nenhum momento pensamos em desânimo e é com o mesmo alento que editamos, procuramos acontecimentos novos, notícias literárias e publicamos as colunas dos vibrantes escritores que formam a equipe deste Portal.

Voamos então para paragens diversas e experimentamos a sensação das notícias esquecendo até que tudo na vida é inesperado. Nesse momento a nossa fé inabalável nos conduz por caminhos de sonhos em que o trabalho consegue compor o layout que tem encantado os nossos leitores. E o conteúdo se faz preciso e interessante.

Nada mais fascinante do que quando bem pequenos observamos o nada transformado em uma obra simbolizada nos sinais aprendidos que serão responsáveis por um mundo diferente de histórias, conhecimento e aprendizado.

Estou falando de nós, os privilegiados desse planeta que tivemos oportunidade de ter acesso às informações as mais diversas principalmente com a evolução da humanidade e a supremacia da tecnologia.

Estou me referindo às pessoas que desde cedo conseguiram em suas vidas o toque inebriador do saber, a afinidade com a literatura ou o convívio com pessoas experientes na presença mágica da poesia. E Admiraram o canto dos pássaros, a beleza da natureza penetrando a alma de outros seres no dialogar inspirador de troca de idéias ou repasse de verdades e informações.

Estou me referindo ao subjetivo presente e maravilhoso do “viver” intensamente.
O progresso evolui lembrando-nos as pessoas que não puderam ser tocadas por essa luz e vivem na escuridão do analfabetismo numa era em que a ciência está aqui tão perto de todos. Talvez essa seja a maior violência cometida contra o ser humano no século avançado em que vivemos, na era da globalização e no advento da tecnologia.

O Portal Vânia Diniz lutando para que a literatura seja a arma mais potente contra a marginalização, a brutalidade e a indiferença não pode deixar de concluir que os maiores excluídos desse planeta são os que ainda não tiveram acesso às letras e uma escuridão tolda seus olhos perfeitos.

São as vítimas do analfabetismo em primeiro lugar que precisamos incluir entre nós e cada um poderá dar um pouco de si, escolhendo a forma de ajudar e contribuir para que todas as pessoas sejam afastadas dessa cegueira perversa e incompreensível.

Excluídos são os que estão marginalizados por um sistema que não os deixam se aproximar da acessibilidade que têm direito para uma melhor qualidade de vida. Esse ingresso no planeta deveria ser glorioso para todos que nascem um dia aspirando com dificuldade o ar do oxigênio, alimentados e desenvolvidos por um útero materno e que um dia experimentarão como todos a finitude do caminho. Para eles a nossa batalha, para que possam enxergar o que seus olhos esperam com ansiedade.

Lutando, concretizando o sonho do conhecimento para quantos existam no mundo, batalhando pela educação e ensino desde as crianças e resgatando a alfabetização para aqueles que não puderam alcançá-la, estaremos lutando pela inclusão dessas pessoas marginalizadas por uma sociedade apática e indiferente.

Vânia Moreira Diniz

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