Vânia veio do Rio
E um dia chegou a Brasília
Mas Vânia nunca veio do Rio
Mesmo que, faz tempo,
Tenha chegado a Brasília.
É que Vânia veio com o Rio
E o fez desaguar no céu de Brasília.
A grande verdade
É que sua alma
Como saudoso fantasma
Ainda vaga pelas ruas do Rio
E canta em suas madrugadas.
Vânia faz esquina
Com a Visconde de Pirajá
Ali onde ela encontra
A Avenida Rio Branco
Um pouquinho pra cá da Urca
Feito uma alucinação carioca.
Seus olhos oscilam
Entre o Leme e o Leblon
Num balançar de moça
Que caminha lembranças antigas
De um outro tempo
E do Rio.
Vânia vai pelas praias da vida
Curtindo eterno barulho de ondas
Batendo em seu coração.
Vânia ainda tem marés
E se divide em Zona Sul e Norte
Tem orla e tem favelas pelas encostas
Tem bossa e tem samba novos
Tem Barra e Cascadura.
Vânia Vê do alto
Vê do Cristo
Sabe voar gaivotas
E fazer sonhos pousar.
Vânia ainda puxa o esse
Puxa a brisa
Puxa o canto
Puxa a poesia
E assim vai levando.
Mas também é fato
Que Vania chegou
Num dia de domingo
A Brasília!
Dividiu-se em superquadras
Fez planos e seus satélites
Tirou patente do céu
Deu um toque em Niemeyer
E esticou o pontal até aqui
Agora já canta direitinho
a Alvorada e o tempo seco
Já assobia planaltos e árvores tortas
Tira de letra o Paranoá.
Ok, Vânia desconfia da política
Mesmo assim faz política com fé..
Então…
Como é possível
Ser praia e cerrado?
Como pode ser mar e céu?
Que ousadia se derramar em litoral
E deitar feliz no Centro Oeste!
Como é possível ser de lá e ser daqui?
Não, não tenho ideia das respostas
Mas Vânia deve ter,
porque faz tudo isso!
Para minha amiga Vânia Moreira Diniz
Do Escritor, poeta, Professor de Literatura e Ator Marco Antunes para Vânia Moreira Diniz