AH vontade surpreendente de andar por aí sem destino, esquecendo tudo que está acontecendo. De fechar os olhos e realmente embarcar para dentro de mim mesma desde que lá também não esteja tão devastador como o nosso planeta. Vontade de esquecer as minhas e as dores de outras pessoas, de todos que nesse momento passam por horas difíceis. Olvidar a guerra, as atrocidades, as desilusões, as tristezas, as desesperanças, a luta do homem contra o homem, a estadia da violência, a pouca solidariedade, a falta de humanidade, de caridade e de amor.
Porque estamos passando verdadeiramente por uma fase de falta de amor verdadeira. Ninguém se preocupa com ninguém no sentido lato da palavra.
Ah vontade de sonhar apenas com o que há de melhor e mais consistente, de ver as imagens que me agradam e pensar que tudo está maravilhoso!
Sentar-me na areia da praia bem perto do mar, tirar a roupa e me molhar inteira na água gelada de Ipanema. Com doces segredos que as espumas levam em suas ondas.
Olhar para todos os lados, e sentir que a energia da natureza nos mantém, fortalece e alegra.
Ah como gostaria de chegar do outro lado do mundo sem pensar em cuidados, sem presenciar a miséria, ou atinar na frieza com que se fala em morte e se aceita a atrocidade.
Agora, nesse exato momento quero apenas ficar calada, entender, porque e onde estou e retroceder, se possível num recuo estratégico.
Vânia Moreira Diniz