Desde 01 de Março de 2022

Quando te vi

QUANDO TE VI
De Luiz Alberto Machado
Para Vânia Moreira Diniz


Quando te vi pela primeira vez uma imensa luz surgiu no firmamento para iluminar o abismo das trevas predominantes nas minhas errâncias pelo caos. Foi como se eu estivesse à deriva pelas tormentas de todos os naufrágios e, desse fé, na iminência do fim de último instante com terra à vista. Assim foi a sua chegada: um instante em que tudo mudou de figura. O que era noite tenebrosa deu em manhã ensolarada; o que era uma eterna emboscada, tornou-se tentáculos múltiplos de oportunidades; o que premia a desesperança, deu-se terreno fértil para o mais promissor dos territórios. E dos seus olhos surgiram dois grandes luzeiros: um para luz de cada noite e, o outro, para que eu aprendesse das trevas e pudesse discernir o que é da vida e da morte para a excelência do amor. E dos seus lábios emergiram os beijos que se fizeram rotas para que eu me desse conta do caminho de casa para não mais me perder à toa por aí. E dos seus seios brotaram todos os alimentos da maior fartura para matar a minha fome de séculos. E do seu ventre eclodiram cachoeiras de gozo e prazeres para que eu pudesse matar a minha sede de sempre. E do seu corpo toda abundância fez-se mais do que merecida para que eu não mais tenha que padecer das minhas mil mortes. E assim foi até que da segunda vez que eu te vi o mundo fez-se em festa com coros angelicais a saudar nossas vidas na promessa do amor eterno. E de menino fez-me homem probo e viril para todas as tuas mais enlouquecidas formas múltiplas de se expressar, a confundir-se criatura e criadora, até ser-me lua reluzente que se faz rosa da alma para, enfim, ser meu quinhão no presente da vida…

Quando eu te vi assim de vez,
Perdi o que havia em mim,
E no olhar fervia a lei,
de não predestinar o fim .
Enquanto o sim fosse o seu talvez
Talvez amar, talvez sofrer,
Talvez a vida fosse assim, talvez.
Quando eu te vi assim de vez,
a timidez se socorreu em mim,
E pela luz de tua tez pensei,
haver nascido enfim,
o mundo que eu sempre quis.
Talvez amar, talvez sofrer,
Talvez a vida fosse assim, talvez.
Mas a profundeza que esse amor legou
Se fez em flor, refloresceu em sim,
Foi muito o sonho, a dor,
O riso a sua cor, Ficou em mim.

AUTOR da Letra e Música_LUIZ ALBERTO MACHADO.

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