Desde a infância, um lápis ou uma caneta eram extensões de minhas mãos, testemunhas silenciosas de alegrias e tristezas, de vitórias e derrotas. Traços e palavras rabiscadas em papel guiavam meus sentimentos, transformando-os em algo tangível. Em momentos de êxtase ou melancolia, a caneta era a confidente que me permitia dar vazão à intensidade da vida.
A noite se arrastava, densa e carregada. Um turbilhão de emoções me assaltava, e a caneta, como sempre, era meu refúgio. Como escritora, aprendi a desnudar a alma, expondo meus sentimentos sem pudores ou máscaras. E, mesmo na era digital, a caneta continua sendo meu elo com a essência da escrita, a materialização de meus estados d’alma.
Hoje, as palavras se perdem em meio à confusão mental. A vontade é de calar, de buscar o isolamento. A solidão me envolve como um manto, protegendo-me do mundo exterior e das perguntas indiscretas. É um momento de introspecção, de cura interior.
Lembro-me com nostalgia dos tempos de juventude no Rio de Janeiro. Caminhadas à beira-mar, na Avenida Atlântica, eram momentos de conexão com a natureza e comigo mesma. As ondas sussurravam segredos, o vento salgado afastava as preocupações.
Hoje, busco o mesmo refúgio, não no mar, mas nas páginas em branco. Preciso dar vazão às minhas reflexões, ordenar o caos interior. As lágrimas brotam, lavando a alma e abrindo espaço para a serenidade. É uma jornada silenciosa, sem testemunhas, apenas eu e meus pensamentos.
Peço ao Criador, seja qual for sua forma, que me conceda a paz que tanto anseio. Que a natureza, com sua beleza exuberante, me inspire e me traga a cura. Meus pensamentos bailam no papel, guiados pela caneta que dança em meus dedos. Agradeço ao Senhor do Universo por todas as experiências que me moldaram, pelas alegrias e tristezas, pelos aprendizados e desafios.
A caneta desliza sobre o papel, como um rio que segue seu curso. Minha voz se silencia, mas minhas emoções transbordam em cada palavra. E, mesmo em meio à turbulência, encontro forças para seguir transpondo as pedras do caminho.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar