Nunca tivemos tantas formas de nos comunicar, e, paradoxalmente, nunca estivemos tão alheios aos sofrimentos e vitórias uns dos outros. Enviamos mensagens, sim, — curtas, rápidas, impessoais — e acreditamos que isso basta para nutrir os laços de afeto. Mas não dedicamos uma palavra mais pessoal e profunda, uma visita que transmita o calor humano, o conforto de um abraço, o carinho verdadeiro para quem amamos. Escrevemos o óbvio, o superficial, em frases prontas que escondem a verdadeira profundidade dos nossos sentimentos.
A tecnologia é um milagre, e eu mesma sou fascinada por todas as possibilidades que ela nos oferece. Mas, em meio a tantas telas e notificações, nos distanciamos do toque, do calor humano, da presença real. Não nos importa apertar a mão de uma pessoa querida, olhar nos seus olhos, oferecer um abraço acolhedor que transmita segurança e afeto. Até mesmo o telefone, que outrora nos aproximava através da voz, perdeu espaço para a frieza das mensagens instantâneas, com seus emojis que tentam, em vão, substituir a riqueza da expressão humana.
E nos perguntamos: até onde irá tanta distância, enquanto a vida, que pulsa e clama por contato, se esvai diante de nós? Perdemos a capacidade de nos conectarmos de verdade, de compartilharmos a vida em sua plenitude, com suas alegrias e tristezas, com seus sonhos e desafios.
A tecnologia, apesar de suas maravilhas, contribuiu para esse distanciamento. Mas o sentido da vida reside no amor, na partilha, na empatia, que parecem ter se reduzido a cinco letras repetidas em mensagens frias e corriqueiras, desprovidas do calor humano que dá sentido à existência.
Tenho saudade dos grupos de amigos, das longas conversas que se estendiam noite adentro, dos debates acalorados, das risadas compartilhadas, dos cumprimentos calorosos, dos sorrisos cúmplices, dos abraços apertados que nos faziam sentir acolhidos e amados. Sinto falta de ver o brilho nos olhos que refletia a alegria de estarmos juntos, do carinho genuíno que nos unia, da espontaneidade dos encontros, da magia de compartilharmos a vida em sua simplicidade.
Vânia Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar