Desde cedo, vivi encantada pela literatura, que trouxe à tona todos os sentimentos e me ensinou a semear auroras, permitindo-me sentir a escrita e buscar o verdadeiro sentido das coisas que se apresentavam. Compreendi rapidamente que, escrevendo, poderia superar tempestades e entender gestos, palavras e explicações sobre qualquer tema. Foi assim que, no início da minha vida, aprendi a sentir, amar, perdoar e viver intensamente todas as minhas fases.
Sem a poesia ou a prosa, acredito que me perderia entre mil contextos, sem entender por que estou aqui neste mundo, onde cedo percebi pessoas chorando ou rindo, riqueza e miséria, guerra e paz, dureza e ternura. Nasci em um ambiente privilegiado, mas me aproximei de lugares que não compartilhavam dessa estrutura, o que sempre causou uma enorme fenda em minhas reflexões. Até hoje, tenho fé no Senhor do universo, mas não compreendo seus desígnios.
A pobreza e a injustiça me atormentavam, e muito cedo procurei entender a razão de tamanha dissonância. Fazia perguntas e observava nas ruas ou em qualquer lugar, buscando respostas. Percebia que minhas perguntas cansavam os adultos. Quanto mais crescia, maior era meu entendimento, e muitas vezes, na escola, discorria sobre esses temas até que me tiravam o papel no qual escrevia. Pegava outro e continuava, cismando com tudo que me parecia claro, mas incompreensível.
Foi na literatura que encontrei forças para prosseguir. Pesquisando filósofos e escritores, embarquei em suas expressões, envolvendo-me na densidade e transformando revoltas em circunstâncias e paz nos meus escritos. É impossível descrer de um ser soberano que criou o mundo inteiro e toda a natureza fértil. A literatura, com sua capacidade de transcender o tempo e o espaço, oferece um refúgio para as almas inquietas e uma lente para enxergar o mundo com mais profundidade.
Ela nos ensina a navegar pelas complexidades da vida, a entender e a sentir empatia pelas diversas experiências humanas. Através das palavras, encontramos a força para enfrentar nossas próprias tempestades e a sabedoria para apreciar a beleza nas pequenas coisas. Assim, a literatura não apenas enriquece nossas vidas, mas também nos conecta a uma humanidade compartilhada, onde cada história é um convite para refletir, crescer e, acima de tudo, viver com mais intensidade e propósito.
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar