Creio que nesse momento e dias de introspecção só Deus esteve comigo. Meu coração precisava do conforto e sentir que eu poderia seguir em frente certa que minha mão dada aos meus irmãos de caminhada estava sendo forte e confortadora.
Estou num trabalho que minha alma identifica desde os seis anos de idade. Mas reconheci que para prestar socorro aos companheiros de estrada precisava inicialmente me encontrar no dia a dia e poder sentir que estava bem. Sem isso poderia atrapalhar os passos de meus irmãos o que me traria uma dor imensa e inconsolável.
Percorri estradas e andei silenciosamente pelos meandros de minha alma, apreciando a beleza da natureza que sempre amei. Mas desta vez com um entusiasmo incomensurável que a força da maturidade me transmitia.
Olhando sem ver, ouvindo sem escutar, andando sem sentir, contemplando sem a consciência exata que poderia conferir opiniões que no momento eu não queria dar. Desejava apenas apreciar e experimentar dentro do meu coração as batidas fortes e vigorosas que me levariam a decisões importantes no caminhar apressado da vida.
As recordações passadas e presentes eram muitas e me via pequenina diante da magnitude do universo pleno e exuberante. Esta sensação me dava a tranquilidade para que eu esperasse até que a onipotência do Senhor do Universo me sussurrasse as palavras que eu precisava ouvir.
As árvores que eu admirava estavam viçosas, as flores coloridas e gentis extremamente aveludadas. Os pássaros voavam em bando usufruindo a liberdade essencial e verdadeira que só eles podem sentir, sabendo que seu espaço não influi nem atrapalha a de seu companheiro.
Absorvi profundamente a verdadeira diferença existente entre o altruísmo dos componentes da natureza e o ser humano que é generosamente recebido como hóspede provisório quando sente pela primeira vez o oxigênio para que possa se manter nesse mundo que ele está galgando sem conhecer a razão intrínseca.
Nós somos tão hóspedes que precisamos de vaidades frágeis, títulos neutros e sem substância, verdades incoerentes, elogios constantes para nos equilibrarmos quando devíamos aspirar a felicidade com a fé dos grandes vôos.
Tudo isso passava pela minha cabeça sem que eu tivesse certeza de quem me inspirava, apenas era levada por uma energia envolvente e profunda. Uma energia tranquilizadora e verdadeira. Como se algo tivesse amenizado as feridas e realçado o bem-estar e a felicidade que me dominavam.
Tenho certeza de que aqui, neste planeta que precisamos urgentemente preservar sem teorias e com amor, não existe o “eu”, mas simplesmente o “nós” para que possamos prosseguir sem obstáculos e compreendendo que o espaço é único e vasto não importa quantos os sobrevoam.
Vim, retornei de um grande vôo e compreendi a importância da paz que sinto nesse instante e a certeza da união e da solidariedade no sentido mais amplo e verdadeiro.
Mesmo que haja rivalidades, disputas, egoísmos, invejas, soberbas a união e paz estarão sempre mais densas e vitoriosas no caminho que estamos percorrendo e sei que aos poucos todos nós compreenderemos essa verdade que será a herança das futuras e mais conscientes gerações. Herança Bendita!
Vânia Moreira Diniz