Desde 01 de Março de 2022

Brumas do Sentir

Vânia Moreira Diniz escritora

Hoje, o coração pesa com tristeza. Observo um ser amado em sofrimento, e as lágrimas fluem livremente. Talvez não devesse escrever sob tais circunstâncias, mas desde cedo aprendi a traduzir em palavras o mundo ao meu redor…

O dia frio e encoberto traz um toque de melancolia, mas isso é apenas um aspecto da natureza, que respeito profundamente. Precisamos de tudo que ela nos oferece, e sofremos agora porque falhamos em honrá-la como deveríamos.

Corremos o risco de legar aos nossos descendentes um planeta desolado, e a batalha pela recuperação de uma natureza que nos brindou com incontáveis dias de serenidade, beleza e paz é árdua.

A verdadeira força vem de dentro. Essa tem sido minha filosofia de vida. O resto são apenas medidas temporárias. Assim seguimos, celebrando os dias ensolarados e enfrentando os períodos de dor com bravura e a esperança de um novo amanhecer.

Olho ao redor, estendendo as mãos, buscando o olhar daqueles que me acompanham ou oferecendo uma palavra doce de afeto. Isso me dá a certeza de que nós, humanos, estamos intrinsecamente conectados. Somente assim alcançaremos a realização completa.

Hoje enfrento um dia desafiador, mas superarei, confiante em uma força incansável que nos guia com passos seguros. Não sei sua forma ou seus poderes, mas é dela que vem nossa energia, a consciência de que podemos sofrer e, mesmo céticos quanto a certos aspectos do universo, seremos guiados incessantemente.

A energia permeia cada instante de nossa vida, mesmo quando nos sentimos fracos e impotentes. É com essa energia que hoje preencho minha alma com um vigor familiar, porém sempre surpreendente.

Ver alguém que amo sofrer é angustiante, talvez mais do que se fosse comigo, pois quando a dor é nossa, sabemos como lidar, como buscar forças, mesmo que pareçam inexistentes, como recuar diante da escuridão e avançar ao vislumbrar a luz, ainda que distante, sabendo que ela se fortalecerá com o tempo.

Avançamos, apesar do dia cinzento e gelado que evoca tempos árduos, uma subida íngreme que já venci várias vezes em busca da luz, mas que agora parece oculta. Avançamos, destemidos, com determinação, focados na felicidade daquele que amo e que padece. Seguindo adiante, certamente encontraremos um refúgio acolhedor e caloroso.

Vânia Moreira Diniz

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