Estar aqui escrevendo nesse primeiro texto de minha coluna é como reviver os dias que entrei na internet às vésperas de publicar meu romance e curiosa se a abertura para o mundo da tecnologia me daria sensações diversas e profundas.
Queria explorar essa riqueza desconhecida assim como acontecera há muitos anos em que precocemente sonhei em realizar os ideais que pululavam em meu coração. Assim fiz naquela manhã, recordando muitas cenas marcantes da minha vida, como o amor compulsivo pela literatura que no meu modo de entender seria sempre o grande elo entre os conflitos do mundo e a luta pela harmonia universal. Só ela seria capaz de batalhar por um planeta melhor e mais justo.
Foi esse meu pensamento mais remoto quando ainda pequena admirava a figura de um escritor que era meu avô e que pregava o humanismo em seus livros cheios de sabedoria. Confiava intensamente na força de suas palavras que eu não entendia perfeitamente, mas nas quais mergulhava abismada, encantada e seduzida.
Se naquela época já existisse a internet e o computador, creio que não teria tido recentemente essa percepção de fascínio e por isso congratulo-me com as limitações de outros tempos que fizeram muita gente sentir novamente o arrebatamento das primeiras descobertas.
E nada melhor que voltar interiormente à infância e resgatar as expectativas que não esperávamos mais, sentimento de busca e alcance.
Ao penetrar nesse paraíso fui descobrindo paulatinamente a maravilha da tecnologia e ao mesmo tempo querendo fazer contato com ela. Foi assim que me deparei com “Blocos”, admirada por estar ali a literatura que eu não esperava ver tão coesa, rica e abrangente.
Durante uma tarde inteira, fui me encontrando e sabendo um pouco da história daquelas páginas maravilhosas, querendo estar ali com meu nome passeando entre os autores que se moviam e que eu lia com o mesmo encantamento de minhas primeiras descobertas no mundo das letras e que me tiravam invariavelmente o fôlego.
Foi assim que conheci os editores de Blocos, transtornada quando em meu primeiro texto enviado, Leila Miccolis me comunicou que o mesmo estava publicado e me reportei aos meus sonhos multicores.
Depois disso, amizade, carinho, compreensão recíproca, a minha admiração que aumentava e continua a sentir blocos como uma enorme árvore frondosa, à sombra da qual posso me movimentar, descansar, respirar livremente e ter a certeza de sua justa presença. E ao mesmo tempo indicando em suas sombras ao longe, a luz intensa, o horizonte que caminha e se integra em nossas fantasias mais legítimas.
É isso que procuro doar ao meu universo hoje em dia com meu site, minha casa virtual que ofereço a todos aqueles que como eu, um dia, procuraram algumas palavras, um lugar, alguém que abrisse suas portas para que eu pudesse confiar e relaxar antes de iniciar a concretização lenta e progressiva das mais caras esperanças.
Nunca disse uma palavra aos editores de Blocos que não fosse absolutamente verdadeira e eles sempre foram fiéis, transparentes e profundamente honestos nesses tantos anos de convivência. O que sempre pretendemos foi exaltar a literatura e praticar o sentimento da amizade, mas não posso deixar de agradecer continuamente a oportunidade que um dia me concederam e que fizeram minha estrada mais amena.
Estou aqui nesse primeiro dia de coluna contando uma história verdadeira, claro que apenas condensada e agradecendo aos muitos leitores que Blocos me proporcionou, o que torna meus dias luminosos e convidando a todos que venham me visitar nos dias 6 e 21 de cada mês, o que me fará muito feliz.
Estamos sofrendo toda espécie de violências e devastação, mas tenho certeza de que a literatura nos libertará. E que as palavras escritas serão sempre a esperança de uma humanidade melhor e mais solidária, para isso teremos que persistir confiando na força inexcedível da nossa literatura, abertura fiel para a verdadeira solidariedade, inclusão de toda a humanidade, amor, ternura, amizade, congraçamento.