Querida mãe,
Novamente lhe escrevo sempre na esperança de lhe acalmar. De dizer que estou realizando tudo aquilo que me propus com fé e encanto idealístico.Com a ternura dos meus quinze anos que não via obstáculos e prosseguia ignorando as pedras que interceptavam o caminho. Com a certeza de que nunca surgiria nada que impedisse.
Claro que hoje sei que as coisas não são tão fáceis. E mesmo assim não me arrependi. Prossigo com a certeza de que era exatamente isso que queria. Você sempre me falou que eu tinha muita pressa, mas agora, ela é muito maior e premente. Não me pergunte por quê. Não saberia respondê-la a não ser que a vida corre célere, cheia de acontecimentos que se sucedem, num ritmo alucinador que eu sempre gostei, mas que nesse momento me traz uma certa nostalgia.
Tudo se passou há tanto tempo e mesmo assim não tivemos coragem de encarar as diferenças existentes entre nossos temperamentos e diretrizes de vida. Mas novamente estou lhe escrevendo para falar do meu interior, de tudo ali que vicejou e floresceu magnificamente. Estou aqui enquanto escrevo e pareço muito junto de você apreciando o céu brasiliense tão azul como o da nossa terra carioca, o sol cujo brilho me faz lembrar aquele que me aqueceu em nossas praias, a paisagem um pouco contrastante pelo verde da capital, e então penso que jamais voltaremos àqueles dias que, malgrado alguns problemas me trazem doces e maravilhosas recordações.
A minha vida tem sido vibrante e com espaços de tempos divididos entre alegrias e tristezas o que me faz lembrar que tenho realmente conjugado o verbo viver. Hoje para mim é um dia especial pelas lembranças que me acarretam, tão próximo à data das Mães, tão longe dos nossos dias juntas, repartidos entre sorrisos, divertimentos e muitas aflições contraditórias. Mas sempre com a marca do amor. Um amor entrecortado de conflitos, mas não menos intenso.
O meu coração atualmente, mamãe está diferente pelo próprio tempo decorrido que trouxe algumas marcas e muitas efusões contraditórias. Mas continuo a ser sonhadora, idealística e escritora compulsiva que você costumava olhar surpreendida em certos momentos de recolhimento e concentração. Muitas vezes me advertia do mundo que se apresentava em contraste com a profundidade de objetivos que achava um tanto excessivo. E temia pela minha sede de viver e pela diversidade de nossos pensamentos.
Quero acalmá-la dando novamente notícias da minha alma e das minhas realizações. Dizendo-lhe o quanto tenho me alegrado e se não consegui os frutos do que falo através da minha literatura, pelo menos cumpro minha determinação interior, o que já me satisfaz muitíssimo. Valeu a pena, mamãe! Mesmo que tenha sido doloroso sair de casa tão criança, deixar para trás o lugar onde nasci e amei perdidamente. A coisa mais dolorosa foi separar-me de vocês e nem tivemos muito tempo de explicações!
Encontro-me hoje pelo menos realizada e ainda com muita coisa a construir e espero que dê tempo! Mais uma vez obrigado, por você, meu pai, meus irmãos, os conhecimentos que me legaram, a vida que me deram, um mundo de descobertas que meus olhos visualizavam encantados através do que ensinaram e me indicaram.
Quero enfatizar o meu amor que é imenso e que os anos, a vida, os sonhos, as alegrias, as decepções ou qualquer outra espécie de sensação não conseguiram suavizar suas cores fortes e intensas.
Desejo declarar-lhe meu amor, liberto de qualquer empecilho e que nem nos piores momentos sofreu qualquer espécie de modificação.
Beijos
Da Vânia
Vânia Moreira Diniz
Conteúdo atualizado pela equipe Essenciar