Ouço o eco de todas as vozes
Músicas e ruídos,
Do gorjear dos pássaros,
Da cigarra no verão,
Até do barulho do vento
Nas árvores frondosas
Ouço o eco…
Do grito agudo das crianças,
Do choro das mães,
Da voz sonora de meu pai,
Dos ensinamentos que aprendi,
Dos segredos sussurrados
Em noites de verão,
Ouço o eco…
Dos gemidos daqueles que sofrem,
Da agonia dos que se desesperam,
Das queixas que não dei atenção
Das palavras doces que não escutei,
Das baladas, hinos
E histórias infantis
Ouço o eco…
Dos pedidos de ajuda urgente,
Dos amigos que não revi,
Da distância das cidades que amei,
Do barulho de carros buzinando,
Enquanto mendigos soluçam
Nas esquinas, delirando.
Ouço o eco…
Das cantigas de ninar,
Nas noites de insônia infantil,
Dos sonhos coloridos,
Enfeitando e dourando a vida,
De cada profissão,
Com sua utilidade especial,
E do grito desesperado
De cada instante
Ouço o eco…
Das risadas harmoniosas,
Da alegria em seus dias barulhentos,
Da felicidade retratada em rostos iluminados,
Do futuro esperançoso das crianças,
Do rubor de emoção descontrolada
E da lamentação sugerida
Ouço o eco…
Ouço o eco até na solidão
No meio da multidão estranha
E nas passeatas populares
Ouço o eco,
Que transmite
Lá longe,
Distante,
O som de toda a humanidade,
Gritos,
Murmúrios,
Tocando lá no infinito,
De verdade,
Com saudade.
Ouço o eco…
Vânia Moreira Diniz