Acordei restaurada! Olhei para o céu e vi nuvens brancas a compor o azul intenso do céu brasiliense. O sol com uma claridade observada em oportunidades especiais e pensei como poderia ontem estar me sentindo desanimada, se agora eu vibrava de vida e alegria.
Como digo sempre, nada para mim pode ser meio termo, tem que existir sempre no superlativo, intenso e profundo. Desejo sempre ir até ao fim das próprias emoções ou sentimentos submergidos em minha alma. Chorar ou rir com a mesma força, porque só assim viverei no sentido mais amplo. Podendo dominar o mundo, entender minhas horas de inferno astral e dominá-lo enfim, com a força da minha vontade e perseverança e com a ousadia de saber enfrentá-lo.
Recuso-me a ser derrotada por mim mesma, recuso-me a compor um cenário de monotonia e placidez demasiado. E vivo sempre na esperança esfuziante de sentir com profundidade tudo que se me apresenta. Em suas mínimas proporções!
E quando acordei hoje e me recolhi surpreendida por sentir a vida crescente, desdobrando-se em alegrias incomensuráveis, entendi mais uma vez como é importante cada trecho do nosso caminho…
Quando levantei e liguei o som e principalmente quando a música começou a tocar, vibrante percepção me dominou completamente. Percepção que se derramava entusiasmada em cada ponto de meu coração e os reflexos intensos a cercarem marcantes.
O mundo podia estar a explodir, uma guerra ameaçadora e dolorosa, a luta do mal contra o bem, o vírus maldito a nos ameaçar, a violência a cercear-nos, o egoísmo a desgastar o planeta por todos os lados, mas existia a fé, a esperança em nossos ilimitados sonhos, a certeza da existência do amor, bondade e solidariedade.
Ali perto de mim, em frente à janela havia o cenário do verde da capital, tão conhecido até por fotos em outros lados do universo. E então pude sentir como aquele verde me dera forças em várias oportunidades, me acalmara e me ensinara a tirar energias dessa beleza natural e esplêndida que se incorporava á nossa própria vida.
As árvores estavam fortes os troncos mostravam sua exuberância, enquanto flores surgiam frescas e belas. Ah era isso que gerava a energia que recrudescia sempre fascinante quando eu podia admirar esse espetáculo.
E principalmente era o amor que sentia vibrar em meu coração pelos seres humanos, amigos de caminhada.
Era também em última análise o sentimento do viver que condicionava tudo, que fazia parte de sua ação. E então, olhos brilhantes de sensibilidade e compreensão, saí de mim mesma disposta a ouvir os ecos do mundo, da vida, de cada acontecimento, explorar esse momento com intensidade e arrebatamento e percorrer minha alma em acordes de harmonia e vibração que se espalhavam em ondas poderosas e sublimes.
A música tinha acabado, não se ouvia mais os sons deslumbrantes, mas a beleza daquele instante estava marcada indelevelmente em minha alma, eu jamais esqueceria.
Vânia Moreira Diniz